«Há uma geração de criadores da Área Metropolitana do Porto que trabalha no
limiar da sobrevivência e da visibilidade. Que não consta da lista de apoios da
DGArtes. Que se confronta com a falta de espaços de ensaio e apresentação de
espetáculos. Que não marca presença na agenda dos programadores. Que vive
indefinidamente com o rótulo de emergente até ser finalmente
submersa pelo estigma da descontinuidade. Uma geração que responde apenas
à própria vontade de continuar a fazer. Que procura conciliar viabilidade
artística com viabilidade económica para seguir em frente. Corrente Alterna –
Mostra de Criações Incógnitas olha de frente para o problema sem perder de
vista a festa. Durante dois fins de semana muito prolongados, dezassete projetos
artísticos ocupam o palco e as salas do TeCA e as variadas almas de rua da Praça
da Batalha e da Praça Carlos Alberto. Uma corrente alterna (que não segue num
único sentido) ou alternativa (que se desenvolve fora dos modelos convencionais)
de ideias concretizadas em espetáculos de teatro, dança, circo e performance.
Oportunidade para uma comunidade de artistas se mostrar e pensar coletivamente
junto de outra comunidade que a complementa e justifica: público e
programadores, reunidos em encontros formais ou informais. Uma mostra programada
de dentro para fora por Julieta Guimarães e Vasco Gomes da
Companhia Erva Daninha, eles que fazem parte do problema e da solução, e que o
TNSJ coproduz, também ele parte do problema e da solução. Em Corrente Alterna há
uma geração que cresce nas margens a reivindicar uma outra margem de manobra.
Uma geração a quem não ouviremos dizer “o futuro o dirá”, porque o futuro não
existe senão nas mãos e na matéria do presente».
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