Acabo de ler o livro da imagem. A quente, se gosta de jornais e jornalistas, de cinema, e admira pessoas livres, não perca «Vicente Jorge Silva Conversas com Isabel Lucas». A sinopse da editora:
«Gostava de cultivar a tal fantasia, a de que vivia num mundo em que a ilha era o único universo real e tudo o que se passava fora dela era imaginário. E que os jornais que traziam as notícias do exterior eram como invenções dos Ficheiros Secretos, com situações produzidas por uma central de informação.» Este livro é uma longa conversa que passa a vida profissional e pessoal de Vicente Jorge Silva, 68 anos, natural do Funchal, jornalista, um homem que protagonizou alguns dos projectos mais estimulantes do Jornalismo em Portugal nos últimos cinquenta anos. O Comércio do Funchal, a Revista do Expresso, a fundação do Público. Leitor, cinéfilo, realizou a longa-metragem Porto Santo, a série para a RTP As Ilhas Desconhecidas, uma adaptação do livro com o mesmo nome de Raul Brandão. As curtas A Bicicleta e Vicente Fotógrafo. Foi cronista no Diário Económico, no Diário de Notícias, comentador de política na SIC Notícias e actualmente assina uma crónica semanal no semanário Sol». +.
Mas o livro está para lá do que esta apresentação deixa antever. Ajuda na compreensão do percurso coletivo das últimas décadas que nos trouxe até onde nos encontramos. A entendermos melhor protagonistas do passado e de hoje, meandros de episódios particulares que lançam luz sobre outros mais alargados, até aos comuns a toda a sociedade. E a transparência e frontalidade do jornalista presentes, como nesta passagem: «Sinto hoje muito mais dificuldade em ter respostas para o mundo em que vivo do que tinha no tempo em que era um jovem e vivíamos na ditadura do Salazar. Aí, uma coisa eu sabia: não queria aquela ditadura e acreditava que podia haver um regime democrático, como acredito e acho indispensável. O mundo era mais fácil».
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