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Depois de se ler a Resolução do Conselho de Ministros a que se refere a imagem, a nosso ver, dificilmente se encontrará quem não esteja de acordo com os pressupostos e propósitos que visa. Repita-se o que está no diploma:
«A música é uma das expressões mais relevantes de afirmação
da cultura portuguesa, em particular no que toca
à ligação das comunidades residentes no estrangeiro com
as suas regiões de origem e com a identidade nacional.
Através da música, os portugueses que emigraram e os seus
descendentes cultivam laços muito fortes, entre si e com as
terras de que partiram, ao mesmo tempo que demonstram
a sua capacidade de integração nas sociedades de acolhimento.
A música é, pois, um elemento muito importante
da diáspora portuguesa e, nessa qualidade, um fator de valorização
da nossa cultura e da sua projeção internacional.
Esta realidade e este potencial não são, todavia, suficientemente
conhecidos e aproveitados. Ou por falta de
divulgação, ou por menor formação e sensibilidade dos
públicos face, designadamente, às artes e tradições locais,
ou por escassa colaboração entre criadores e promotores,
ou por desadaptação e insuficiência dos incentivos.
Acrescem outros aspetos. A expressão musical portuguesa
vai -se alterando, recebendo contributos próprios das
sociedades de acolhimento ou dos padrões musicais mais
globais. Por outro lado, gerações mais novas de artistas da
diáspora, que se referem a esses padrões globais, utilizam
simultaneamente componentes da sonoridade que os seus pais lhes legaram, logrando assim cruzamentos inovadores
de elementos tradicionais e modernos e de elementos
nacionais e cosmopolitas.
Assim, a valorização do património cultural português
e a intervenção junto das comunidades passam também
pela promoção das formas musicais que têm curso nos
diferentes meios da diáspora, quer elas sejam a recriação
das expressões originárias, quer resultem da sua combinação e diálogo com as formas musicais contemporâneas, do
nosso país, do país de acolhimento ou da dimensão global.
Neste sentido, torna -se necessário definir e pôr em prática novos modos de ligação dos criadores e intérpretes que
se exprimem em português, entre si e com os diversos públicos que constituem ou podem constituir a sua procura. E
precisamos de usar melhor o ativo que eles representam para
a afirmação internacional de Portugal e a divulgação da sua
marca e do seu valor acrescentado para o mundo de hoje».
Acontece que o que está escrito para a Música com facilidade se estende a outras artes. E até vem a calhar o que o Diretor da Companhia Nacional de Bailado, Paulo Ribeiro, disse recentemente - a 29 de Abril, Dia Mundial da Dança - na TSF: «O director da companhia nacional de bailado pede uma diplomacia cultural para mostrar a dança portuguesa no estrangeiro». Ouça na TSF no noticiário das 14:00 de 29 de Abril 2018:
E depois vem o resto, que é muito, por exemplo: o optar-se por uma estrutura de missão - vamos fazer o mesmo para as outras áreas?; ficar na esfera do Ministério dos Negócios estrangeiros - mais um facto que revela a menorização do Ministério da Cultura?; a estrutra de missão ( Projeto Meridiano) ter um coordenador equivalente a Diretor-Geral - como se articula esta decisão com o facto de ainda não se terem reestruturado os serviços do Ministério da Cultura deixados pelo PREMAC?, nomeadamente a Direção-Geral das Artes, onde há um único «departamento» para todas as artes, e é de lembrar o tempo, em mais do que uma ocasião, em que a música, as artes plásticas, teatro, dança ..., tinham o seu departamento próprio, e houve a altura do Instituto das Artes Cénicas, e o setor a pedir em tantas ocasiões um Instituto para o Teatro de que aliás chegou a ser publicado diploma orgânico, e é de não esquecer o Instituto de Arte Contemporânea ; e em futuras mudanças organizacionais vai optar-se por uma estrutura de projetos e cada um a ser dirigido por equivalente a Diretor-Geral? Enfim, mais parece tudo ao sabor do momento e de quem tem poder dentro do Governo, valorizando-se a parte sem que se dê a conhecer uma visão de conjunto e uma estratégia global. Mas uma coisa é certa o «desgarrado» nunca deu bons resultados ... E é o que está a acontecer. E assim vai o «ESTADO DA CULTURA»!
E por agora só resta chamar a atenção do Parlamento para o assunto. Não percamos a esperança! Talvez cumulativamente pedir uma reunião ao Senhor Primeiro Ministro: os Sindicatos, organizações informais; etc.etc.. Parece ser a formula dos tempos que correm. Mas pensando melhor, eventualmente, com medidas destas - sublinhe-se, por melhor que sejam são avulsas - desvia-se a atenção das questões de fundo, e em particular o foco deixa de estar nos concursos em curso da DGARTES - e de que, bem vistas as coisas, há muito por saber - e quando se fizerem inventários e balanços dá para aumentar o saldo ... Resumindo: não se vá por atalhos, crie-se um verdadeiro Ministério da Cultura que tenha como finalidade levar a cabo um Plano Nacional de Desenvolvimento para a a Cultura e as Artes. Como acontece em outros Países.E em que Música tenha o seu espaço como cada uma de todas as outras artes.
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