quinta-feira, 19 de julho de 2018

SERVIÇO PÚBLICO NAS ARTES | SEM MEDIADORES | Venham as respostas ao inquérito! | O resto fica para quando houver tempo ...



 A notícia pode ser lida na Newsletter da DGARTES:
«O Estudo "Posicionamentos das entidades artísticas no âmbito da revisão do Modelo de Apoio às Artes" foi ontem lançado no X Congresso Português de Sociologia sob o tema "Na era da 'pós-verdade'? Esfera pública, cidadania e qualidade da democracia no Portugal contemporâneo". Coeditado pela DGARTES e pelo CIES-IUL constitui a mais atualizada análise e reflexão sobre as atividades e as práticas culturais e artísticas em Portugal, que resultou do trabalho técnico e científico que precedeu e apoiou a definição do modelo e diploma legal de apoio às artes em vigor desde 2017. 

O Estudo, com uma forte vertente prospetiva, baseou-se num inquérito amplamente participado, quer em termos de perfis de entidades artísticas, quer de relação com o sistema de apoio financeiro às artes em Portugal. Promovido pelo Ministério da Cultura, no âmbito do processo conduzido pela Secretaria de Estado da Cultura e pela Direção-Geral das Artes, foi realizado pela equipa do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-ISCTE-IUL), coordenada por José Soares Neves.
A apresentação do livro esteve a cargo de Helena Santos, professora da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP-UP). No mesmo congresso, que decorreu na Universidade da Beira Interior, Covilhã, a equipa de investigadores apresentou a comunicação "O sector artístico e o financiamento às artes em Portugal", fundamentada no Estudo em questão.
A DGARTES e o CIES-IUL disponibilizam o estudo aqui.
Para saber mais e adquirir a publicação: geral@dgartes.pt».

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Desde logo, aquela expressão «Posicionamento»!, que diabo de expressão. Até fomos ao dicionário.
No trabalho aqui em apreço os «posicionamentos» são respostas a perguntas. Não há alternativas para escolha. Nem graus de valoração, por exemplo, de 1 a 5. São ideias, sobre assuntos, por vezes de difícil entendimento, para os quais se pedem opiniões fundamentadas em experiências ou nem isso. A base de partida é o modelo,  à data, em vigor e anda-se à volta dele. Como se não houvesse alternativa! Por isso, como agora se constata, o modelo, entretanto já publicado, é o mesmo, e  foi agravado  na sua aplicação... E assumem-se pontos de partida sem nos darem explicações. Ilustremos: o que define o Terceiro Setor? E porquê a adopção desta designação? E quando é que se diz que é profissional? Pois é, esperava-se que na feitura de um novo modelo coisas como estas não fossem empurradas para ... não sabemos quando !

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Mas avancemos e, face ao exposto, por onde continuar? Peguemos numa passagem do texto acima:«precedeu e apoiou a definição do modelo e diploma legal de apoio às artes em vigor desde 2017».

 Ora, para quem possa estar distraído: não será exagerado dizer que o estudo estará então na base da tragédia em que está mergulhado este subsetor que é financiado pelo Estado, via Administração Central/Ministério da Cultura/Dgartes, com vista a participar na realização do SERVIÇO PÚBLICO na esfera das artes. Salvo melhor opinião, e volvido todo este tempo, e tendo em conta toda a contestação que aconteceu e em curso, e as medidas governamentais tomadas, e anunciadas, seria rigoroso, mesmo que não entrassem em detalhe, referir isso mesmo, e haver um «posicionamento» (será que se pode/deve aqui aplicar a expressão? até para não destoar) sobre eventuais responsabilidades ou, pelo contrário, dizerem que não têm nada a ver com isso.
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Depois, será a primeira vez que interessados estão a contactar com o estudo porque,  como é mostrado abundantemente na publicação, foi desenvolvido em ambiente restrito aos agentes culturais, como aliás se tem amplamente denunciado aqui no Elitário Para Todos. Recorde-se, demais profissionais interessados e cidadãos em geral só tiveram conhecimento da coisa quando o Decreto-Lei foi publicado, e quando se começou a ouvir que o mesmo não reflectia o que os Agentes opinaram. O que foi «gritado» depois de se saberem os Resultados da aplicação do «NOVO MODELO DE APOIOS» que tem subjacente o Estudo de que aqui estamos a falar. Perante isto, apetece dizer que o estudo está ultrapassado, e o melhor será, em termos imediatos, esperar pelo «POSICIONAMENTO»  do Grupo entretanto nomeado para aconselhar o Governo na revisão do «NOVO MODELO» que como sempre dissemos tudo apontava para que nascesse velho, como veio a verificar-se.  Mas já agora, nós que não resistimos a olhar para a Publicação também não resistimos  a algumas notas, sem prejuízo de leituras futuras:
1-Insistimos, tornem-se públicas as Respostas dos Agentes Culturais ao Inquérito. Pelo que eles dizem, e por aqueles que são já conhecidos, parecem muito mais ricas do que aquilo que é dado ver na publicação. Ou seja, queremos os originais. Sem intermediários. Claro, para o efeito pede-se autorização aos autores;

2-Mas aquele inquérito, Senhores! Faça-se um seminário para se perceber como se chegou àquelas questões e formulações e para se entender de que pressupostos políticos partem. E de que conceitos;  
3- Com o devido respeito, o que nos é dado ler não procurava «NOVO» mas a legitimação de um «arranjo» do VELHO em termos de conteúdo e de forma. Repita-se, em regra, pressupostos e categorias com que trabalham no estudo são as herdadas. Da legislação imediatamente anterior.Afinal, onde está o «novo?» Objetivamente: não nos é dado ver diagnósticos amplos, em termos do institucionalizado ao longo dos tempos, do praticado, nem que reflitam estudos existentes em termos internacionais. Nem tão-pouco o que acontece em países comparáveis. Nem os estudos feitos no âmbito do Ministério da Cultura ou equivalentes. E passa-se ao lado dos artigos de opinião que a comunicação social nos vai facultando. (Ou será que por esta via já não há «posicionamento»?). De facto está escrito na publicação que só vale o que for submetido na Plataforma indicada para o efeito. Acontece que a politica pública aqui em causa como qualquer outra tem de ouvir, na circunstância, os agentes culturais mas não só.  De facto, se o NOVO SISTEMA DE APOIOS apenas quer ir ao encontro das reivindicações dos Agentes Culturais, nem as reivindicações dos Agentes Culturais atende. Como se viu, como se está a ver! 
4-É notório que «a memória» precisa de ser revisitada. Há imprecisões que incomodam por elas mesmas, mas também pelas «suspeitas que lançam»: se são isto nestas coisas, imagine-se no resto ... Como exemplo: pode ler-se no prefácio,  «Até 1998 não existia a figura legislada de um concurso para atribuir os apoios públicos às artes. O financiamento às entidades e a projetos artísticos era, assim, uma decisão iminentemente política. Foi criado, à época, um modelo de apoios e o respetivo enquadramento legal que regulou o sector ao longo dos últimos vinte anos». Embora não se perceba bem o que se quer dizer, e também por isso mesmo, atente-se no que se segue, possível com a memória do Elitário Para Todos:

  • «Em 1973 existia uma intervenção integrada, tecnicamente fundamentada, que abrangia as várias dimensões da actividade teatral, onde os equipamentos não estavam dissociados da actividade artística, não sendo despiciendo o facto de tudo estar contemplado na mesma legislação» -
     Lei nº. 8/71 de 9 de Dezembro e ao Decreto-Lei nº. 285/73 de 5 de Junho. Excertos:

 
  • Logo a seguir à Revolução  foi criada a Comissão Consultiva para as Actividades Teatrais que funcionava junto da Direção-Geral da Cultura Popular e Espectáculos, e já depois da criação da Direção-Geral da Ação Cultural (2 de Agosto de 1975), junto desta continuou o Fundo do Teatro a que se acedia através de «figura legislada» (o que é que isso seja).  
Densifiquemos com um excerto sobre os anos 70 do século passado:
          
    Outros momentos (fins anos 70/primeira parte dos anos 80):
     Dos tempos de Santana Lopes:

          Do Primeiro Governo António Guterres:                                                                                                      
                                                      

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  • Ou seja, manifestamente «exagerado» o que nos é dado ler e já acima transcrito: «Até 1998 não existia a figura legislada de um concurso para atribuir os apoios públicos às artes. O financiamento às entidades e a projetos artísticos era, assim, uma decisão iminentemente política. Foi criado, à época, um modelo de apoios e o respetivo enquadramento legal que regulou o sector ao longo dos últimos vinte anos».
                                                                                     
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    E convinha saber do passado para qualquer NOVO MODELO a par com o presente e o futuro, mas de maneira rigorosa.


     

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