No seu site a editora Tinta da China apresenta a obra da imagem acima, assim:
«A OBRA DE REFERÊNCIA SOBRE PORTUGAL E O SEU SISTEMA POLÍTICO
Os portugueses e o mundo acreditaram. O regime saído do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 seria o motor auspicioso da transição de Portugal para a democracia, prenunciando decantações de um projecto colectivo de liberdade e igualdade, na linha das sociedades liberais contemporâneas. Quase 50 anos depois, apagados os holofotes da atenção internacional, a política portuguesa equipara‑se, em virtudes e insuficiências, à de qualquer outra sociedade europeia. Contudo, mantém especificidades assinaláveis, que a definem e ameaçam, e que importa examinar e dar a conhecer.
O Essencial da Política Portuguesa oferece ao leitor, comum ou especializado, uma panorâmica ímpar, actual e sistematizada, sobre Portugal e o seu sistema político. Originalmente publicado pela Oxford University Press, este volume reúne contributos dos melhores investigadores nacionais e internacionais, que abordam a democratização portuguesa desde a década de 1970: as instituições políticas, o envolvimento dos eleitores e a política de massas, os partidos e o sistema partidário, a contestação e os movimentos sociais, a governação e as políticas públicas, a participação na União Europeia e a política externa e de defesa de Portugal.
O Essencial da Política Portuguesa desenha a traço fino o retrato da política portuguesa e identifica a natureza e a qualidade da democracia no país inaugurado em Abril de 1974. (...)». Saiba mais.
O mesmo acontece por parte da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Notámos que a obra se destina a «leitor comum ou especializado», e reparámos também neste destaque dos autores:
(montagem a partir do artigo do Expresso de 8 SET 2023)
O capítulo seguinte confirma o modo como, a partir de 2000, o mercado de trabalho foi desregulado, nomeadamente, como os despedimentos passaram a implicar menos custos para as empresas. Uma situação, porém, que parece ter correspondido a um cenário de estagnação económica. Outros temas tratados são o quadro geral das políticas macroeconómicas; as políticas educativas, as da saúde, a da educação, a do combate à corrupção, a das finanças locais e um último capítulo relativo aos desafios globais. Mais uma vez, faz-se sentir a ausência de um tratamento em separado das finanças públicas que permitisse perceber o quadro de conjunto que dá sentido a todas estas políticas sectoriais. Fica, igualmente, no ar a ideia de que existem sectores que são preteridos ou não merecem grande atenção. É o que sucede com a agricultura, o funcionamento da justiça, a administração interna ou a organização militar. (...)».
O destaque é nosso, e é mais do que «ideia»: a cultura não mereceu atenção. As explicações serão muitas, mas que, a nosso ver, é uma FALHA, é ... Mais: o paradigma DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL está ausente. E se assim não fosse a organização do livro seria outra? Estamos convictos que sim e, quiçá, até deixaríamos de ter o que no limite não deixa de ser um «somatório de artigos», modelo cada vez mais adotado, como que peças de lego para cada leitor fazer a sua construção. A «arrumação» oferecida pelos organizadores acaba por seguir a mesma lógica, não ajudando muito o leitor «leigo» ... Continuamos a ver árvores sem a vida facilitada para chegarmos à floresta.
A nosso favor:
Depois destes «adornos», apetece-nos lembrar, uma vez mais, à ORDEM DOS ECONOMISTAS que repare na CULTURA. E à ÁREA DA CULTURA da estrutura do nosso Governo que atue de forma planeada - e aproveitemos o post anterior recente RECUPEREMOS O «MANIFESTO - POR UMA CULTURA PARA O SECÚLO XXI» | depois de termos lido isto: «Cultura pode ser o elevador social do século XXI como educação foi do século XX, diz Adão e Silva»|APROVEITE SENHOR GOVERNANTE! | REPARE NOS SUBSCRITORES ...-, precisando-se para isso de dados e informação que não temos e talvez aí a fraca presença da Cultura na ACADEMIA. No ensino e aprendizagem, e na investigação.
*
* *
Para terminar voltemos ao artigo do Expresso, do professor Diogo Ramada Curto, afinal o «culpado» do que nos levou até ao presente post, não sendo abusivo adiantar que nos revemos, por exemplo, no que a seguir se reproduz, onde conseguimos encaixar parte do que antes tentámos dizer:
«(...)
ALGUMAS CRÍTICAS
Depois da recapitulação de uma obra tão extensa, algumas críticas se impõem. A primeira diz respeito à organização geral do livro. Arriscaria dizer que o seu principal propósito consiste, sobretudo, em afirmar as virtudes de uma disciplina, a politologia, e dos seus praticantes, os politólogos universitários, tal como se têm vindo a institucionalizar nas duas últimas décadas. Para isso, assiste-se à construção de uma grelha temática ou de um sistema classificatório que pretende cobrir o campo do que é considerado como sendo da ordem da política. Assim, o tom que é dado nas três páginas introdutórias pelos editores do volume reflete-se nas oito partes pelas quais se distribuem os 48 capítulos. Tal como se a classificação temática se pudesse substituir e tomar o lugar da formulação inicial de um conjunto de problemas centrais aos quais este projeto coletivo procuraria responder.
Uma ciência política, pois, que procede por temas e não tanto a partir da formulação de problemas, ao procurar inscrever-se num território, apela sobretudo a estudos comparativos inspirados na politologia norte-americana (como se pode ver no capítulo 2, p. 19). Esta inscrição numa espécie de razão universal, com origem nos campos universitários norte-americanos, destina-se a criar a ilusão de uma neutralidade que, em muitos dos casos, é difícil de admitir. Aliás, as partes 2, 3, 4, 6 e 7 deste livro revelam uma politologia norte-americana ultrapassada, que é a dos estudos eleitorais e da cultura política fortemente funcionalista. Mais uma indicação da nossa condição periférica! (...)».
Sem comentários:
Enviar um comentário