«Um teatro público está a montar a mais célebre peça de Thomas Bernhard – Minetti –, mas o actor contratado para o papel do protagonista não foi uma primeira escolha, nem a segunda, nem a terceira. Acontece que a mitomania e pesporrência deste actor, uma ‘velha truta’, fazem dele uma espécie de duplo de Minetti, o intérprete shakespeareano criado por Bernhard, que espera debalde no hall de um hotel em Ostende pelo director de um teatro que lhe prometeu nada mais nada menos do que o papel de Lear. Dá-se o caso de que o encenador deste Minetti parece não ter grande interesse pela peça; os restantes actores do elenco não estão satisfeitos com os papéis que lhes foram atribuídos; o assistente pessoal do velho actor defende o seu “Mestre” empedernidamente; o assistente de encenação indigna-se com a “toxicidade” de determinadas tiradas do texto; e uma intérprete de língua gestual vai assistindo, perplexa, ao que ameaça vir a tornar-se num grande naufrágio colectivo. Ou num calvário, melhor dizendo, que é como os actores antigos chamavam às falas de que se esqueciam repetidamente nos ensaios – e não só». Saiba mais.
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