O ponto de partida da organização:
«Em Portugal, o financiamento para a cultura tem sido motivo para duras críticas aos sucessivos governos. As queixas recorrentes centram-se na evidente insuficiência de verbas e na tendência para favorecer estruturas próximas do poder central. Acresce ainda a preocupação com a instrumentalização da cultura, frequentemente utilizada para complementar quadros programáticos, em especial quando se verifica falta de recursos humanos ou vontade política para abordar questões sociais relevantes e complexas.
Este problema parece ter raízes históricas. Durante o Estado Novo apenas a Fundação Calouste Gulbenkian conseguia contrariar a Política do Espírito promovida por António Ferro. Nos anos que se seguiram ao 25 de Abril, o Estado revelou-se incapaz de formular uma política cultural estruturada e coerente. Neste período procurou-se uma ligação direta entre a comunidade artística e o governo, integrando escritores, arquitetos ou artistas plásticos na Secretaria de Estado da Cultura. Porém, o elenco escolhido, considerado pouco plural e representativo do país real, colheu sucessivas críticas de ‘bairrismo lisboeta’.
Nesta conferência serão explorados temas como a relação entre o Estado e a cultura, estratégias para financiamento alternativo, e a necessidade urgente de uma abordagem mais equitativa e democrática no ambiente cultural do país. Contamos com a presença de Ana Carvalho, da área da gestão cultural, da curadora Eduarda Neves e da investigadora Paula Guerra. A conferência será moderada pela investigadora e curadora Paula Parente Pinto».
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Em particular, vamos estar atentos a esta afirmação: «Neste período procurou-se uma ligação direta entre a comunidade artística e o governo, integrando escritores, arquitetos ou artistas plásticos na Secretaria de Estado da Cultura. Porém, o elenco escolhido, considerado pouco plural e representativo do país real, colheu sucessivas críticas de ‘bairrismo lisboeta’». Declaração forte, em que certamente alguns protagonistas ainda vivos não se reveem. Em especial, e sendo verdade que profissionais da cultura e das artes trabalharam na Administração Central da Cultura (e seria interessante olhar para a ESTRUTURA ORGÂNICA ESTATAL desde o 25 de abril 74, para lá da dicotomia «Ministério»/«Secretaria de Estado»), por que será que tal aconteceu? Uma ideia, para debate: o sistema de ensino era bem diferente do que é hoje ... Mas ainda hoje, para as Organizações da Cultura e das Artes, ligar a Academia às competências originadas e adquiridas no mundo do trabalho é capaz de ser avisado... Isso mesmo fez parte do conceito e das recomendações da «CONFERÊNCIA» passada seguinte:
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