quarta-feira, 30 de março de 2016

O QUE QUEREMOS TODOS NÓS DO SERVIÇO PÚBLICO NA CULTURA E NAS ARTES ?

Disponível online



Destaquemos a seguinte passagem do trabalho de Lucinda Canelas a que se refere a imagem:
 (...)Paulo Ribeiro também defende que a reflexão que importa fazer vem antes dos números e deve responder à pergunta: “O que queremos todos nós — artistas, público, Estado — do Centro Cultural de Belém?” Garante o coreógrafo que o CCB tem um passado que justifica um futuro melhor do que este presente».

 E peguemos neste excerto para sublinharmos um aspecto não diretamente abordado pelas pessoas ouvidas que equacionamos assim:  repensar o CCB exige reflexão mais alargada, que cubra  a intervenção do Estado na Cultura no seu todo, de maneira a que cada uma das organizações encontre a sua identidade. E se para algumas a Administração Pública apenas tem de acolher o que foi encontrado pelos seus protagonistas, para outras o seu papel não se esgota nisso - nomeadamente para as designadas Unidades de Produção do Estado, independentemente da figura jurídica que assumam em cada momento. Dito isto, a pergunta que Paulo Ribeiro propõe que se faça a propósito do CCB faz sentido que se alargue a todo o setor das artes: porque pensar o serviço público na cultura e nas artes tem de ser uma preocupação permanente, continuada e sistemática. Na certeza de que se «justifica um futuro melhor do que este presente».  



EM JEITO DE PROLONGAMENTO DO DIA MUNDIAL DO TEATRO | Diálogo do Teatro com as Artes Visuais

Veja no aite do Museu Nacional
 Centro Arte Contemporânea  Rainha Sofia

AS VERBAS DO NOSSO DESCONTENTAMENTO (1)


domingo, 27 de março de 2016

NO DIA MUNDIAL DO TEATRO 2016 | «Será que precisamos de teatro ?»


Anatoli Vassiliev


27  março 2016
MensagemAnatoli Vassiliev



Será que precisamos de teatro?
Essa é a pergunta que milhares de profissionais de teatro, dececionados com ele, e milhões de pessoas, que dele estão cansadas, fazem vezes sem conta.
Para que precisamos dele?
Anos estes em que a cena parece tão insignificante, quando comparada com as praças das cidades e com os territórios dos estados, onde as tragédias autênticas da vida real estão a decorrer.
O que é isso para nós?
Galerias banhadas a ouro e balcões das salas de teatro, poltronas de veludo, laterais de palco sujas, e as muito límpidas vozes dos atores – ou vice-versa, algo que pode surgir aparentemente bem diferente: caixas pretas, manchadas de lodo e sangue, com uma porção de corpos nus e raivosos no seu interior.
O que é que isto nos é capaz de dizer?
Tudo!
O teatro pode dizer-nos tudo.
Como os deuses habitam no céu, e como prisioneiros definham em subterrâneos esquecidos, e como a paixão nos pode elevar, e como o amor pode ruir, e de como ninguém necessita de uma boa pessoa neste mundo, e como a deceção reina, e como as pessoas vivem em apartamentos, enquanto as crianças tiritam em campos de refugiados, e como todos eles têm de voltar para o deserto, e como dia após dia somos forçados a separar-nos daqueles que amamos – O teatro pode contar tudo.
O teatro esteve sempre aqui e permanecerá para sempre.
E agora, nestes últimos cinquenta ou setenta anos, ele é particularmente necessário.
Porque se olharmos para todas as artes públicas, podemos ver de imediato o que o só o teatro é capaz de nos dar – uma palavra de boca a boca, um olhar de olhos nos olhos, um gesto de mão para mão, e de corpo para corpo.
O teatro não precisa de nenhum intermediário para poder exercer a sua ação entre os seres humanos – ele constitui o lado mais transparente da luz, não pertencendo nem ao sul, nem ao norte, nem ao leste ou ao oeste – oh não, ele é a essência da luz em si mesma, brilhando de todos os quatro cantos do mundo, imediatamente reconhecível por qualquer pessoa, seja hostil ou amistosa para com ele.
E precisamos do teatro que permaneça sempre diferente; precisamos de teatro de muitos tipos diferentes.
Penso ainda que de todas as formas possíveis de teatro, as suas formas mais arcaicas serão aquelas que chamarão sobre si um maior apelo. O teatro de formas rituais não deve ser artificialmente oposto ao das designadas nações “civilizadas”. A cultura secular está a ser mais e mais lugar de emasculação, e nela a chamada «informação cultural» está gradualmente a substituir e a expulsar de si as entidades portadoras de singularidade, assim como a nossa esperança de um dia as poder vir a conhecer.
Mas uma coisa eu posso ver agora claramente: O teatro está a abrir as suas portas amplamente. Entrada gratuita para todos sem exceção.
Para o inferno com gadgets e computadores – simplesmente venham ao teatro; ocupem filas inteiras nas bancadas e nas galerias, oiçam a palavra e contemplem as imagens vivas! – é o teatro que está à vossa frente, não o negligenciem nem desperdicem a oportunidade de participar nele – talvez seja a oportunidade mais preciosa que podemos partilhar nas nossas vidas vãs e apressadas.
Precisamos de todo e cada tipo de teatro.
Há apenas um teatro de que ninguém por certo sentirá falta – refiro-me ao teatro dos jogos políticos, o teatro das armadilhas políticas, o teatro dos políticos, o teatro fútil da política.
Do que nós certamente não necessitamos é de um teatro de terror diário – seja ele individual ou coletivo, do que não precisamos mesmo é do teatro de cadáveres e de sangue nas ruas e nas praças, nas capitais ou nas províncias, um teatro falseado de confrontos entre religiões ou grupos étnicos…

______________

Tradução a partir do inglês: Margarida Saraiva | Revisão: Armando Nascimento Rosa

 Tirado daqui, da Escola Superior de Teatro e Cinema.

________________                                                                                                             

Saiba mais sobre Anatoli Vassiliev: em inglês no site do ITI e, por exemplo,  através desta entrevista, em português. 


sábado, 26 de março de 2016

E para quando um Conselho de Ministros dedicado inteiramente à Cultura ?


Excerto da entrevista com o 
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
 Manuel Heitor - Expresso 25.03.2016
 

No Programa do Governo, ver imagem abaixo,  a cultura aparece junta à ciência e à tecnologia e, a nosso ver, bem - e não há como não lembrar  a forma como o saudoso Ministro Mariano Gago argumentava a favor deste «casamento» - mas  na ação governativa a maneira como a cultura está a ser secundarizada relativamente à «ciência e a tecnologia» é visível.  Só não vê quem não quer. Basta olhar para o excerto da imagem inicial. É preciso esclarecer este mistério, a favor da ciência, da tecnologia, e da cultura.



Como se constata, e não se resumindo os problemas à questão orçamental,  neste particular  das verbas a mudança está a acontecer na ciência e tecnologia. Há uma meta 2%, e o caminho está a fazer-se. Para a cultura existe 1%, e sem que seja dada qualquer explicação não há maneira de se darem passos em frente. Em suma, é urgente  harmonizar o que tem de ser harmonizado.O setor da cultura e das artes não se pode resignar, e para começar é exigir que se cumpra o que está no Programa do Governo. E «é preciso avisar toda a gente» ...



quinta-feira, 24 de março de 2016

VERBAS | Dos jogos sociais para a Cultura

Na integra aqui

Uma boa ocasião para relativamente ao Fundo de Fomento Cultural se discutir as «respectivas atribuições e competências».


ORIGINALIDADE


Excerto Entrevista Sisa Vieira
Revista «E»/Expresso/19MAR2016



A nosso  ver, uma entrevista para ser lida.





quarta-feira, 23 de março de 2016

QUESTIONAR + , PARA TODOS


No Correio do Minho
15 MAR 2016

Aqui a «Pergunta» na integra a que se refere a imagem. Em particular, e na linha do que em outros momentos se escreveu neste blogue quanto aos programas comunitários: a necessidade sentida  pela Escola de Jazz de Braga pode ser generalizada a todos os demais agentes culturais. Salvo as excepções, qualquer interessado - dos potenciais candidatos aos cidadãos em geral - terá dificuldade em saber qual o espaço da Cultura no Portugal 2020. Isso mesmo foi mostrado, por exemplo, «preto no branco», no Encontro «O LUGAR DA CULTURA Modelos e Desafios» que teve lugar há uma ano - de 15 de abril a 22 de 2015. Constata-se que nem os Deputados sabem da situação. A expectativa era que o XXI GOVERNO encarasse este problema de frente, e mostrasse de forma clara como é que a Cultura e as Artes estão no sistema de fundos comunitários actuais,  e que o assunto não fosse tratado para casos isolados. Para quem não saiba ou não se lembre, pode ler-se no Programa do Governo (sublinhado nosso):

Entretanto, pela comunicação social,  percebe-se que a coisa anda por aí, por exemplo, sublinhado nosso:  
«A Fundação Casa da Música vai receber em 2016 a mesma dotação dos últimos anos por parte do Estado: sete milhões de euros. A verba foi anunciada esta sexta-feira aos jornalistas pelo presidente da administração, José Amaral, no final do conselho de fundadores. O que significa que a Casa da Música terá de encontrar “novas fontes de receita”, eventualmente recorrendo “a fundos comunitários” – admitiu José Amaral –, para responder às dificuldades de uma instituição que nos últimos anos perdeu três milhões de euros relativamente à verba de dez milhões consagrada no decreto-lei que lhe deu origem».
Continue a ler aqui. 
 E a primeira pergunta é:

Quais são 
os fundos comunitários
 disponíveis para a 
cultura e as artes ?



 

LUÍS RAPOSO | «Sucesso e insucesso na gestão de monumentos e museus nacionais»

Ler aqui


sexta-feira, 18 de março de 2016

OFERTA CULTURAL APOIADA PELO ESTADO NESTA DATA | Quando somos compelidos a reparar na quantidade ...




Veja a totalidade aqui


Um pequeno exercício: divida a oferta por distritos, cidades, concelhos ..., e encontrará as médias do nosso descontentamento. Em especial, repare no número de espectáculos de teatro em cena. A poucos dias do Dia Mundial do Teatro. O que festejar! Como assinalar o dia 27 de março de 2016?
E com as miseráveis verbas do Orçamento de Estado para a cultura,o que esperar para os próximos tempos! Aproveite-se a ocasião para agradecer a quem não desiste de fazer arte: afinal, os principais financiadores do que nos é dado ver. Interessante seria contabilizar «o gratuito» dos criadores e demais agentes culturais sem o qual a oferta ainda seria menor.


Cada vez mais se impõe :«Reconhecer que a situação é a da urgência, que houve destruição daquele pouco que estruturava um mínimo serviço público artístico no país e que portanto se promovam repostas de correcção a essa destruição que não esperem pelos tempos concursivos (...)». Continue a ler na coluna à direita.

TNDMII | «Radical»


Saiba mais sobre o Festival

Um leitor do Elitário Para Todos esteve em Munique, foi ao teatro, e deu-nos a notícia, que muito o surpreendeu, da participação do TNDMII no radikal jung, a que se refere a imagem. E pronto, aqui estamos a partilhar o acontecimento.
Mas já agora, não se pense que a Volks Theater só faz o festival, repare na programação aqui.  Mesmo para quem não sabe alemão, dá para perceber ...E pela quantidade e diversidade ter inveja. Boa. Imagine-se se formos à procura de um «Nacional» alemão! Como por aqui não somos masoquistas, fica para outra vez. Por agora já chega. 


segunda-feira, 14 de março de 2016

NICOLAU BREYNER





«(...)
Ao longe via uma janela entreaberta, com aquelas cortinas pesadas de renda a esvoaçar. E o cheiro do Alentejo, das estevas, o cheiro a Verão... Detesto o Inverno. Muitas vezes digo da vida: “Quantos verões me faltam?”. Adorava morrer num daqueles dias chuvosos, feios, com vento, para não ter pena.(...)»

Nicolau Breyner na entrevista a Anabela Mota Ribeiro que pode ler aqui.





JORNADAS DE TEATRO | 14-15 março | NO TNDMII

Veja o  PROGRAMA 



Claro, desejamos bons debates: tudo por uma boa discussão! E até damos palpite de conversa dado que não está explicitamente no Programa  -  qualquer coisa sobre «O PAPEL DOS TEATROS NACIONAIS: do institucionalizado ao praticado à luz de Teatros de referência a nível mundial». 



BRUNO MORAES CABRAL | «A Cultura e o Orçamento do Estado para 2016»






sexta-feira, 11 de março de 2016

«Quando alguém entra, é preciso sempre que alguém saia primeiro»


Na integra aqui.
Não vale a  pena assobiar, e ir em frente, como se tudo estivesse  dentro de uma normalidade virtuosa, quando  perante os nossos olhos se age «como sempre»: num novo ciclo politico que se anunciou como de esperança e efectiva mudança. De facto, até no terreno administrativista, não se percebe como se anunciam reformas no processo legislativo e se continua com diplomas que para se entenderem na sua fundamentação ter-se-ia que gastar uns dias de férias para os estudar.  Se não se pode dispensar o formalismo, cumulativamente, produza-se uma nota explicativa. Por outro lado, não  se pode acenar com a transparência, e com governação de proximidade,  e tudo ser tão opaco,  e distante da compreensão dos cidadãos, e com uma linguagem que já se julgava morta. Não, não chega andar-se numa maratona de visitas pelo País ... A proximidade exige muito mais.
Vem isto a propósito do diploma acima combinado com o  que se segue:
 
Ver na integra aqui



Como se constata não tem  a ver com as nomeações e as demissões no Centro Cultural de Belém  que sugaram as atenções. E, contudo, os diplomas têm a ver com outras nomeações e outras demissões. E parece existir um padrão.
E acrescentemos-lhe uma frase do próximo presidente do CCB  (que pode ser lida na revista «E» do semanário Expresso de 5 de março de 2016) referindo-se à demissão do seu antecessor : «Quando alguém entra, é preciso sempre que alguém saia primeiro».  Valorize-se  a clareza e a simplicidade da «máxima», mas que pode sintetizar todo um programa de atuação. No cruzamento de tudo isto e tendo-se presente, em especial, o Programa do Governo:

- Desde logo, e na linha deste post, não será pedir muito que se esclareça o acima sublinhado: «Pretendendo o Governo nomear um novo Conselho de Administração para a OPARTE E.P.P.». Pretende porquê ? Porque sim!, quando se estava/está  à espera que se acabe com a OPART?  O que mudou entretanto? E sobre os Perfis, tão diversos têm sido os que por lá têm passado, estamos conversados ... Visto doutro ângulo, há pessoas que são «múltiplo-perfil». De um outro: para se progredir na Administração Pública o mais difícil parece ser entrar num circuito porque depois, de uma ou doutra maneira, fica-se por lá ... Aqui também se aplica: para além de sê-lo é preciso parece-lo ...

 - Depois, certamente que não será abusivo concluir que o vogal nomeado o foi porque tinha de sair primeiro da Direção- Geral do Património, onde era Subdiretor-Geral, para que pudesse entrar o novo nomeado, em regime de substituição. Aplica-se: «Quando alguém entra, é preciso sempre que alguém saia primeiro». Não, não venham dizer que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Poupem-nos! Ninguém acredita. De entre tantos portugueses e portuguesas possíveis, tinha mesmo de ser aquele o escolhido para vogal. E até acaba por ter a sua graça (para não se chorar), quando a nomeação do novo Subdiretor-Geral  começa, como se pode verificar, assim: «Considerando que o Subdiretor -Geral do Património Cultural, Mestre Samuel Costa Lopes do Rego, foi nomeado vogal do conselho de administração do Organismo de Produção Artística, E. P. E. (OPART, E. P. E.), a partir de 26 de fevereiro de 2016, cessando, assim, a sua comissão de serviço na Direção -Geral do Património Cultural; Considerando a necessidade de assegurar o normal funcionamento da Direção-Geral do Património Cultural até à nomeação do novo titular do cargo de Subdiretor -geral»... Como se tudo isto tivesse acontecido sob a influência de uma lei natural. Ou de um Deus desconhecido.
 Pois é, fica a pensar-se em coisas também elas muito simples: a inteligência das pessoas deve ser respeitada; que afinal o virar a página do Programa do Governo  não será para a generalidade dos setores da Governação. E, mais importante,  a exigência que devia obrigar todos está a ser descurada. Mas não faltarão discursos a dizer o contrário... E até lemas e palavras de ordem. 
E sabem o que é que nos chega aqui ao Elitário Para Todos?Desabafos como este: e ninguém diz nada! Pois bem, por aqui vai-se dizendo. Quanto mais não seja para memória futura. Mas acreditamos que produza efeitos imediatos. Para já, pessoas haverá que se sentirão menos sós quando olham e vêem ...