terça-feira, 9 de abril de 2019

MINISTRA DA CULTURA | «Até acho que a Cultura devia pedir mais do que 1% do orçamento»



 Um dos destaques do Ípsilon (jornal Público) 
à entrevista dada pela Ministra da Cultura.

  Excerto da entrevista:
«(...)
  Com alguma dor do sector…
Sim, e neste caso nem foram dores de crescimento… Mas quando tomei posse assumi declaradamente dois objectivos: resolver os problemas prementes, de modo a pacificar as relações com as artes, o cinema, o património e os museus; e começar a preparar o futuro numa lógica de médio prazo. Há um bom exemplo que costumo dar de crescimento de investimento público com uma estratégia clara e duradoura, que é [a acção] do Mariano Gago na área da Ciência: fez-se um caminho definindo por que é que era importante mais investimento em Ciência, que impacto teria, qual devia ser o crescimento para Portugal se aproximar da média europeia. Na Cultura devíamos fazer o mesmo: não basta dizer que queremos 1% [do OE], eu até acho que podíamos dizer mais…

Porque ainda estamos nos 0,4%.
Certo, mas não é uma questão de números. Queremos 1% (ou 2% ou 3%…) do OE com que política? O que é que queremos conseguir nos próximos dez anos para o teatro, o património, o cinema? Como vamos alterar a relação das pessoas com a ida à sala de cinema, como conseguimos dar mais abrangência ou expressão territorial ao teatro? Também é preciso discutir política, não se pode discutir só o 1%. Eu percebo o ponto, é simbólico, mas gostaria de discutir numa base diferente: para onde é que vamos daqui a dez anos? Porque para lá chegar precisamos se calhar de mais do que 1%, mas há que identificar para quê.
  
Herdou um ministério seriamente descredibilizado pelos atrasos nos apoios às artes. Viu-se na posição de ter de salvar a face do Governo junto de um sector que teoricamente até seria favorável ao PS?
Senti-me na pele de ter de reconstruir uma relação que de facto estava fragilizada pelo atraso nos concursos, mas também pela forma como as estruturas experienciaram a mudança do modelo [de apoio às artes]. Quando chegámos, foi essa a prioridade – e havia várias coisas a fazer

  Começámos por olhar para as estruturas que tinham ficado fora do concurso de 2018 e garantir-lhes apoio para um ano de transição, de forma a que conseguissem manter actividade e ir a este concurso bienal que acaba de abrir – trabalhámos com a Seiva Trupe, o Ensemble, a Karnart, a Barraca... Um segundo passo foi aceitar todas as propostas consensuais do grupo de trabalho [constituído para rever o modelo de apoio às artes]. Terceiro ponto, muito importante, um reforço de dois milhões de euros face ao concurso anterior, de 16 para 18,6 milhões de euros. Quarto, a simplificação dos formulários: ouvi muitas companhias dizerem que a plataforma era muito complicada, eu experimentei e percebi que não conseguiria preencher alguns daqueles campos.(...)».
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Comentários   que  a entrevista, e em particular o que está no recorte sublinhado a amarelo, suscitam:

- Por pior que tenham sido as práticas do PS nesta legislatura, não queremos acreditar que só agora vão começar a preparar o futuro numa lógica de médio prazo. Então aquele documento para a década foi mandado às urtigas? E o que estava no Programa do PS, e depois no do Governo, não era numa lógica de médio e até de longo prazo? Já não se percebe nada!

- A Cultura (será as pessoas que vieram para a rua e se manifestaram e continuam a manifestar?) devia pedir mais do que 1% diz a governante. E pediram e pedem, Senhora Ministra: no mínimo 1%, é o que dizem em termos orçamentais. E nunca pediram apenas isso, pedem isso mesmo que a Senhora Ministra diz que vai começar. E vão até mais longe, querem um PLANO NACIONAL PARA A CULTURA concreto, com objetivos e estratégias claras, quantificadas,  sim senhor, em linha com o que o Ministro Mariano Gago fez para a Ciência. E como ele percebia a importância da cultura para a ciência ! 

- Portanto é oficial, e que bom, estão a ser resolvidas situações que utilizando as palavras da Senhora Ministra «tinham ficado fora do concurso». Mas tem que se tornar público como é que isso se processou, e está a processar, e quem são exactamente as estrutura abrangidas, e ...  Se bem se percebe, contrariamente ao que o Governo nunca quis assumir, os júris, afinal, deviam ser questionados ....E aqueles que embora não tenham «ficado fora do concurso» mas viram os seus financiamentos drasticamente reduzidos ( e estamos a lembrar-nos, por exemplo, de Almada) também já viram a sua situação revista?
- Relativamente à Plataforma, não são apenas «melhorias» ao que existe, a«CULTURA» pedia/pede uma mudança de conceito, das candidaturas aos relatórios ...
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E ficamos por aqui. Hoje. 

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