Da intervenção de RUI VIEIRA NERY no encontro havido a 19 de Junho de 2012 no Teatro São Luiz, em Lisboa:
«Os artistas não são parasitas, são construtores de desenvolvimento nacional com
um potencial imenso por explorar", declarou Rui Vieira Nery, confrontando o
discurso de redução do artista a uma figura socialmente indesejável, dependente
do Estado e não produtivo. E acrescentou que a "ideia de que a criação artística
é algo que se materializa [a partir] da pura vontade do artista é uma mentira
que se instalou e que importa desmistificar". O governo incorre numa definição
do trabalho artístico como algo de não profissional, à margem das actividades
economicamente 'verdadeiras' e 'úteis'. Como bem realçou o musicólogo, "não é
suposto um artista ter de passar fome para fazer arte. Génios sempre houve", mas
não é assim que se constrói e mantém uma rede de criação artística [estruturada
e com pólos] de excelência. Por outro lado, "a liberdade de criação não equivale
ao deserto institucional". A ideia de que o Estado não se pode intrometer nas
escolhas estéticas e programáticas dos criadores, uma ideia certa e defendida
por todos, não tem qualquer relação nem justifica a actual estratégia de
desresponsabilização governativa perante a rede pública de equipamentos
culturais e perante os apoios à criação.
(...)
Numa perspectiva económica, "esta estratégia entra em total contra-senso",
considerou ainda Vieira Nery. Invocar a crise como pretexto para estrangular o
investimento na Cultura é anular qualquer hipótese de sair da crise mas,
sobretudo, o investimento na Cultura é, em termos macro-orçamentais,
irrelevante. Qualquer corte na Cultura não adianta absolutamente nada para uma
redução do défice orçamental ou da dívida pública. A insistência na frase 'não
há dinheiro' não passa, por isso, de um pretexto para impor aquilo que é a
convicção ideológica do actual governo: a cultura é um desperdício».
Mas veja mais na fonte, no blogue Cultura e Futuro.
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