quinta-feira, 28 de agosto de 2014

LUÍS OSÓRIO | «A cultura portuguesa é uma fogueira pronta a atear»

 
 
Artigo de Opinião, de 27 de Agosto 2014, de Luís Osório, disponível no SOL online: A cultura portuguesa é uma fogueira pronta a atear. É a propósito do caso ARTISTAS UNIDOS | UNIVERSIDADE DE LISBOA.
Depois de lido, ocorreu-me uma vez mais: a Universidade pagará alguma coisa à Companhia pelo serviço  que esta também lhe presta? Do artigo, como pode conferir:

«(...)
Não me parece que as companhias de teatro e a generalidade dos artistas (inúteis dos tempos modernos) devam ter um estatuto fora da lei. Como todos os outros devem contribuir para o Estado e honrar os compromissos que celebram. É vital que o façam. Porém, o Estado deve encontrar soluções que salvaguardem projectos cujo interesse seja considerado prioritário para a cultura e identidade nacional. Se o Estado não assegura essa regulação, os países vão-se esvaziando de alma, tornam-se um mero exercício contabilístico, definham. Todas as civilizações que morreram, todos os países que entraram em decadência, venderam a sua cultura nas lojas de penhores onde pensaram salvar os dedos, é um facto.
A dívida dos Artistas Unidos é um paradigma. Como o é o desinvestimento nos cientistas ou o que se passa nas escolas. Quem faz e imagina os programas, por exemplo o de Português, imagina o que o seu tempo lhe pede. Por isso a nossa língua transformou-se nos liceus num exercício burocrático, um inferno gramatical, uma ditadura que mata a capacidade de imaginar. Viajar pela língua deveria ser um exercício de liberdade, uma regata de alma e identidade e não uma colher diária de óleo de fígado de bacalhau. As regras devem ser conhecidas com a procura dos livros e autores, com a história da literatura e a história da História. Mas infelizmente tudo isso vem depois, quando tantos já se perderam. Um equívoco. (...)».
 
 

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