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Excerto do artigo:«Começou com um murro na mesa. Sem
estrondo, mas ainda assim com um murro, um claro protesto de Rodrigo Francisco,
director artístico do Festival de Almada, relativamente ao financiamento que o
evento e a estrutura que o põe de pé (a Companhia de Teatro de Almada) recebem
do Estado. Na conferência de imprensa de apresentação do 34.º Festival de
Almada, as primeiras palavras foram, por isso, não para a programação, mas para
o facto de a companhia ter actualmente “o mesmo financiamento que em 1997” e de
trabalhar “com um orçamento de troika quando a troika já saiu do país há três anos”.
Dispondo para o festival de um
financiamento total de 820 mil euros, dos quais 200 mil são assegurados pelo
Ministério da Cultura, via Direcção-Geral das Artes – o restante fica a cargo
da Câmara de Almada e das parceiras e receitas do festival –, Rodrigo Francisco
assume, conforme diz ao PÚBLICO, “um discurso contra-corrente, tendo em conta a
euforia que vivemos por via do Europeu [de Futebol], do Festival da Canção e da
recuperação económica”. “Este Governo”, volta a apontar o dedo acusador, “está
praticamente há dois anos em exercício e ainda não disse aos criadores nem ao
país qual é a política teatral que prevê para o futuro": "O único
acto visível do ponto de vista teatral deste ministro da Cultura foi ir ao velório de uma companhia [Teatro da Cornucópia] que acabava de
extinguir-se.”
Com mais de metade das assinaturas – que
dão acesso aos 26 espectáculos de sala – vendidas ainda antes do anúncio
público da programação, Rodrigo Francisco apela a uma maior participação do
Estado para que “não se assista à degradação do Festival de Almada”. “Não estou
disposto a tornar o grande festival que alcançámos no final dos 90 num evento
de dimensão local – e o Estado não está a corresponder a esse esforço. Não
chega vir alguém às sessões de abertura fazer um discurso bonito, dizer-nos que
estamos a fazer um óptimo trabalho e dar-nos os parabéns. É preciso agir em
conformidade.” (…)». Continue a ler.
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