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No
início temos a entrevista da Vereadora da Cultura da Câmara
Municipal de Lisboa a que se refere a imagem acima. Depois há réplicas ou
reações, por exemplo, a que se referem as imagens abaixo. E isto já é
um padrão: no País, no que à Cultura e às Artes diz respeito, para se
divulgar ou pedir informação e se discutirem assuntos de fundo tem de
haver «CASO». Na circunstância, parece que a etiqueta do caso será Rede dos Teatros Municipais do Concelho de Lisboa. E se
bem se percebeu, o assunto foi antecipadamente descrito ao jornal
Público sem que Orgãos Municipais o tivessem apreciado. Por outro
lado, duvidamos que os Munícipes de Lisboa se lembrem de ouvir falar de
tal matéria durante a Campanha Eleitoral das Eleições Autárquicas
embora recentes.E ainda que o problema seja apresentado como de carácter
municipal, e assim é, não deixa de se cruzar com a questão dos Teatros e do Teatro a
nível nacional. Então, neste quadro, e partindo-se do principio que o
processo só agora começou, para já alguns comentários que a entrevista
nos suscitou sendo que problemas que identificamos vêm de
longe e têm sido abordados aqui no Elitário Para Todos. Assim, sem
esgotar o que haveria a dizer, vamos a isso, a duas ou poucas mais
coisas.
- Esta passagem: «A saída de Mark Deputter do Teatro Maria Matos para a Culturgest e o encerramento do Teatro da Cornucópia – que habitava o Teatro do Bairro Alto – levaram a autarquia a repensar a rede e a avançar com concursos públicos para a gestão e direcção das duas salas». Primeiro aspecto positivo, o reconhecimento do papel dos agentes culturais. Mas onde esteve a Câmara Municipal de Lisboa na resolução do «Dossiê Cornucópia»? E talvez de lembrar que icónico era o PROJECTO CORNUCÓPIA ... E não deixa de ser inquietante que a saída de uma pessoa do Teatro Maria Matos seja apontada como a base para uma mudança de politica municipal. Não acreditamos que não haja substitutos à altura de Mark Deputter ..., e por aqui admiramos e aplaudimos o seu trabalho. Ah, obrigado Deputter por ter saído e assim ter posto a Autarquia a (re)pensar!
- Depois isto: «A direcção do Teatro Luís de Camões vai ser escolhida por concurso público? Não, vai ter gestão directa da Câmara através da EGEAC, mas aqui achámos que poderíamos não fazer concurso público para dar oportunidade à equipa que tem vindo a desenvolver o projecto no Maria Matos de o fazer crescer. Em relação ao Maria Matos, que tem tido várias vidas desde que foi construído, vamos começar um novo ciclo de programação e vocacioná-lo para teatro de qualidade para grande público –comédia, drama ou teatro musical. Aí haverá concurso público para selecção de um projecto artístico». Qualquer munícipe ficará banzado com esta argumentação. (E mais ainda se se lembrar do que tem acontecido com a Direção do Teatro São Luís, concursos para a frente, concursos para trás, e no fim ... sem efeito, funciona o «convite» ). Estas coisas não podem ser «por achismos». Há que se discutir os Teatros (equipamento) e o Projeto Artístico que o justifica e definir o Modelo para se recrutarem as suas direções... Que salvo melhor opinião não pode fugir da transparência, igualdade de oportunidades, etc. etc. ...que todos desejamos e que, em particular, enchem a boca dos políticos...
- Por agora, ainda: «As novas companhias, ao contrário do que acontecia com o teatro independente a seguir ao 25 de Abril, já não têm os seus espaços, circulam pelas várias programações – às vezes com insuficiente visibilidade face ao que é o trabalho de preparação porque as carreiras são muito curtas». Apenas: se não têm, deviam ter? Esta será uma pergunta a que a CML tem de responder. Por aqui, a resposta é SIM.Num colóquio recente os mais novos, e que talentos se vislumbram por ali, (será a esses que designam emergentes?) diziam que já seria um grande avanço se tivessem onde ensaiar ... Com tantos espaços, é esta a realidade, e não havia necessidade ... Dizemos nós.
- Mesmo para terminar, agora: por exemplo, quando se menciona Teatro Aberto (João Lourenço) e Cinearte (Maria do Céu Guerra), os equipamentos até serão de propriedade municipal - contudo, a Administração Central também investiu neles ao longo dos tempos - mas o que neste momento queriamos sublinhar é que o projeto deles é PROJECTO NACIONAL. Certo? Então como é que essa articulação é feita em termos estruturantes, por isso duradouros? Em particular, como é que isso está refletido no NOVO (a nosso ver VELHO) sistema de apoios às artes através da DGARTES? Que disse a CML àquele «novo sistema de apoios»? Informem-nos.
- E por último mesmo, em termos gerais, têm que nos dizer qual é a matriz em vista para a CONCESSÃO ... E como estão a ler dentro e fora da Cultura e das Artes os casos «problemáticos» do passado e do presente, e que se provou que não funcionaram e certamente não irão funcionar. É que quando é o SERVIÇO PÚBLICO NA CULTURA E NAS ARTES que está em causa não há muito por onde «variar» ... Vem nos livros e a vida mostra-o todos os dias, e é só ver onde existe e como funciona o que gostaríamos de ter ...
Rematando, pois é, não vamos lá se não se equacionar o TODO NACIONAL ..., se não se estabelecer a REDE DAS REDES, ou seja, uma REDE NACIONAL DE ARTES, em
que cada patamar do Poder Democrático cumpra as suas atribuições e
competências legalmente estabelecidas, a um tempo, de forma autónoma e
em parceria.
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