domingo, 18 de dezembro de 2011

O SECRETÁRIO DE ESTADO DA CULTURA NA SEDES: «ENTRE O DIVERTIDO E O PERPLEXO»

O Secretário de Estado da Cultura, a 15 de Dezembro, esteve na SEDES para participar na iniciativa FAZER CULTURA EM PORTUGAL tendo a sua presença sido anunciada assim:
Como se define uma política cultural para um país?
Qual o papel do Estado nesse domínio: fomentador, facilitador, parceiro?
Dimensões de rentabilidade, eficiência, tráfego são contraditórias com a
natureza da criação cultural?
Estas e outras questões procuramos discutir com o actual Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, no segundo debate do ciclo
Fazer Cultura em Portugal na sede da SEDES.
A PARTE andou à procura do que o Secretário de Estado teria dito e aqui alguns endereços do encontrado:  RTP online. Destak.Publico .Por exemplo, do Público:
O Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, nunca acreditou muito em políticas culturais. Disse-o ontem à noite, no início da conferência para a qual foi convidado pela associação cívica Sedes, em Lisboa, inserida no ciclo “6 Debates, 6 Temas – Fazer Cultura em Portugal”. Não acredita na expressão “políticas culturais”, precisou, por lhe sugerir uma outra, a “política do espírito” do Estado Novo.
No dia em que foi lançado um “Manifesto em Defesa da Cultura”, criticando “as políticas de agressão à cultura dos últimos governos” e assinado por 52 personalidades do sector, Francisco José Viegas deu assim o mote para uma intervenção em que acentuou a necessidade de atrair os privados para o apoio à cultura, apontando que a construção do tecido cultural europeu foi conseguida através “dos laços entre apoios privados e públicos”, e em que defendeu a intervenção do Ministério da Economia junto de algumas áreas, como o património.
Ao longo de cerca de uma hora, o secretário de Estado da Cultura defendeu aquelas que são as ideias chave para o seu mandato. Considerando que “as escolas foram abandonadas na última década pela cultura”, uma delas será a aposta na educação e na formação de públicos: “Não é humilhante não haver subsídios, humilhante é não haver tanta gente quanta gostaríamos no teatro”, exemplificou. Outra, fruto da crise mas também da sua ideia do que deverá ser a gestão cultural por parte do Estado, será a tendência crescente para atenuar o peso daquele no apoio à criação artística, procurando promover uma maior independência das estruturas, a supracitada ligação interministerial e plataformas de apoio às estruturas na captação de fundos - em 2012, anunciou, serão constituídos dois gabinetes de gestão cultural para esse fim.
(...)
Foi quando abordou o sector teatral que Francisco José Viegas deixou mais evidente aquela que é a sua ideia para a intervenção da Secretaria de Estado da Cultura. “Algumas críticas [aos cortes] são justas”, reconheceu, “mas o dinheiro do Estado, para sermos justos, mata a independência”. Pouco depois, acrescentaria: “Não temos 250 milhões de euros e não acho que tê-los fosse bom para o futuro do teatro”. Com menos dinheiro disponível, a solução passará por “menos apoios, mas concentrados em projectos de excelência”: “Não consideramos fazer cortes nas companhias de referência”. Sugerindo o desenvolvimento de “repertório popular” que atraia mais público aos teatros e que possa servir de porta de entrada ao universo das artes cénicas, apelou ao diálogo com os agentes do sector, de forma a vencer o “clima de desconfiança” existente.A tónica no diálogo atravessou, de resto, a intervenção inicial do Secretário de Estado da Cultura e a fase de discussão que se seguiu, moderada por Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças do governo de José Sócrates. Quando a bailarina e coreógrafa Vera Mantero lançou a última pergunta da noite - “qual será o novo modelo de apoio às artes?” -, ouviu-se como resposta um “não faço ideia” que deixou a sala entre o divertido e o perplexo . “O critério”, precisou em seguida Francisco José Viegas, “será definido depois das reuniões [com os agentes do sector]”: “Não haverá cortes cegos. E serão todos discutidos”. »
De facto, depois de tudo lido a reacção mais neutra é ficar-se «entre o divertido e o perplexo» como as pessoas que estavam na sala. Mas que o que foi dito exige para lá disso, exige. 

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