SUMÁRIO EXECUTIVO
Os acontecimentos relacionados com os incêndios de Pedrógão Grande e de Góis, dos quais
resultaram um enorme conjunto de vítimas mortais, colocaram a problemática da floresta e dos
incêndios florestais na ordem do dia. Embora de importância central na vida das nossas
comunidades, foram os incêndios florestais de 2016 e, sobretudo, os de 2017 que remeteram
esta temática para uma situação reconhecidamente insuportável e que exige soluções
profundas, estruturantes e consensuais.
A questão que se coloca é a seguinte: no século XXI, com o avanço do conhecimento nos
domínios da gestão da floresta, da meteorologia preventiva, da gestão do fogo florestal, das
características físicas e da ocupação humana do território, como é possível que continuem a
existir acontecimentos como os dramáticos incêndios da zona do Pinhal Interior que tiveram lugar
no verão de 2017?
A análise desenvolvida pela CTI abordou os principais aspetos, relacionados com a atuação dos
diversos agentes e entidades, com a severidade do fenómeno e com as características do
território em questão.
Como resultado dessa análise, há que concluir, desde já, que as razões principais que
conduziram àquele acontecimento dramático, têm origem em três níveis de problemáticas,
embora se reconheça que todos eles estão profundamente interligados. Essas problemáticas
são:
Conhecimento
Não é possível continuar a ignorar que o fenómeno do fogo florestal se
caracteriza por diversos aspetos que correspondem, na atualidade, a um conhecimento
diverso acumulado, desenvolvido em Portugal e noutros países. Nos diversos domínios,
desde a meteorologia à gestão florestal, desde a manipulação do fogo até à operação
de combate, desde os modelos de silvicultura até aos figurinos suscetiveis de mobilizar
os proprietários, todos estes aspetos têm sido objeto de intensa reflexão, de produção
científica internacionalmente validada e de construção de mecanismos orientados para
a aplicabilidade desse conhecimento. Não há razão alguma para manter o divórcio entre
a premência de soluções para estes problemas e o conhecimento existente sobre esses
mesmos problemas.
Pode até evocar-se, no caso português, o desprezo que se tem atribuído, com
frequência, ao conhecimento acumulado, muitas vezes com o pretexto de adoção de
novidades aparentemente ofuscantes, mas que escondem equívocos e desajustes
pessoais. O dominio da gestão da floresta em Portugal foi frequentemente afetado, nos
últimos anos, por intervenções que fizeram tábua rasa do conhecimento acumulado e
que levaram a introduzir alterações, reajustamentos ou reformas que quebraram o ciclo
normal de valorização e proteção deste recurso nacional.
(...). Continue a ler.
*
* *
A nosso ver,
todos podemos aprender com este relatório em torno das problemáticas
identificadas: Conhecimento, Qualificação, Governança. Para a generalidade dos
serviços públicos. Tê-lo em conta é também uma forma de homenagearmos as vitimas. Em particular, é tempo de por fim a
DIRIGENTES que podíamos apelidar de «SERVIÇOS MINIMOS», como se fossem o máximo. Nomeadamente, não têm em conta que a primeira obrigação de um dirigente é fomentar o uso do conhecimento acumulado. E por falta de qualificação adequada ao cargo dão como
certo o que encontram e que burocraticamente se transforma na sua missão, mesmo
que tenham ido para os lugares para alterar, precisamente, o estado das coisas … Sim, estamos a pensar em situações na esfera da cultura e das artes. E lá continuam, alguns por largos anos ...Parece que só com tragédias damos pelos desastres que silenciosamente, tantas vezes, vem de longe ..., mesmo que entretanto tenham sido denunciados. Sejamos exigentes! POR TODOS.
Sem comentários:
Enviar um comentário