quinta-feira, 30 de novembro de 2017

MIGUEL GOMES | «Não ao decreto-lei do cinema»





Excertos (destaque nosso):
 «(...)
 Passado este tempo e sem que tivesse existido qualquer reatamento do diálogo, eis que é apresentada a nova redação do decreto-lei, entrando desde já em circuito legislativo para promulgação em Diário da República. Sobre a questão da nomeação dos júris dos concursos, o novo decreto introduz nuances: a SECA propõe nomes de júris e o ICA compõe as listas para os concursos que a SECA deverá aprovar; caso não exista consenso, o ICA reserva para si a decisão final (podendo retirar das listas nomes incompatíveis com os critérios de idoneidade e mérito cultural exigidos pelos regulamentos mas demasiadas vezes ignorados pela SECA, considerando o número exorbitante de substituições de júris nos concursos deste ano...).
  (...)
 Esta ingerência promovida pelo Ministério da Cultura é, portanto, uma novidade — e não uma inevitabilidade atemporal — que me espanta tanto quanto deverá espantar os signatários da carta internacional. Resulta de uma opção política de um governo minoritário do PS apoiado no Parlamento pelo BE e pelo PCP. Se este decreto-lei entrar em vigor, serão estes os responsáveis — ativos ou passivos — por uma deriva sem precedentes no modo como o Estado português passa a encarar a natureza e o papel da sua intervenção no apoio ao cinema».



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