Este trabalho de Luís Raposo está centrado nos museus, com a clareza e fundamentação a que o autor nos habituou, e interessará aos especialistas e, tão ou mais importante, a muitos leigos. Tem mais virtudes: muito do que escreve pode ser aplicado a todo o setor da cultura e até para lá dele. Ilustremos:
- A «figura obscena do chamado “regime de substituição”», infelizmente germina e propaga-se por tudo que é sitio. Seria elementar apurar e divulgar de forma sistematizada o que se passa no âmbito do Ministério da Cultura, em termos do passado, do presente, e ... do futuro.
- «um verdadeiro Conselho Geral de Museus», mas não deveria existir um verdadeiro «Conselho» para muitas mais áreas? Como se encara hoje um Conselho das Artes na esfera da DGARTES? Sim, esteve previsto em tempos. Porque foi «deixado cair» ?
- «Dir-se-à que criou à última hora um grupo de trabalho (mais um...)», podemos acrescentar que não são só grupos de trabalho, temos as estruturas de projeto, de missão, as comissões ... Faça-se o inventário desde o início da legislatura e o que tem acontecido nos últimos meses na cultura, talvez bata «records». «Obsceno» continuará a ser a palavra ajustada? E de preocupar, de sobremaneira, o que vem a ser notado por muitos, generalizável para lá dos museus, e referido no artigo:«Uma composição estranha, entre o esdrúxulo e o bizarro, burocrática mais do que socialmente representativa, onde quem trabalha mesmo em museus nacionais não tem lugar e tresandam os vícios da endogamia académica e da chapelada dos corredores. É caso para dizer: curta perna para tão grande passo. Mas não espanta: é assim que a sociologia de todos os poderes e mormente do bloco central manda proceder, não faltando quem lhe faça o gosto, por “espírito de missão” ou mero deslumbramento».
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