domingo, 25 de maio de 2025

NOS RESULTADOS ELEITORAIS | temos «desesperança», «solidão», «ignorância»? | ARTIGO DE JOSÉ PACHECO PEREIRA AJUDA NA RESPOSTA ...

 

Começa assim:
« Há muito tempo que falo do papel do ressentimento na vida política actual, sem grande sucesso. Agora parece que as coisas estão a mudar. Não era uma categoria muito referida, em particular quando coloco o ressentimento como tendo substituído a “luta de classes” ou, se se quiser, o conflito social. Parece que agora mesmo Ventura usa essa classificação para se referir aos seus resultados eleitorais.
O ressentimento é uma atitude vista como negativa, em particular quando falamos das suas manifestações individuais. Mas o ressentimento é também uma atitude social, presente em todos os movimentos de protesto, à esquerda e à direita, e traduz a sensação de perda, de desesperança, de impotência, de que ninguém nos ouve, de revolta perante casos reais ou imaginários de malfeitorias dos “outros”, começando no vizinho e acabando no Presidente, ou de exclusão e desigualdade e injustiça. É um poderoso sentimento que no passado sempre existiu, mas que encontrava expressão na luta social, em manifestações, protestos, sindicatos, grupos e partidos que funcionavam como mediadores e, nesse sentido, se integravam nos mecanismos de funcionamento das democracias.

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Mais esta passagem:
Esta densificação do ressentimento acaba por ser um processo que acompanha vários movimentos de democratização, traduzidos no consumo de massas, no acesso ao ensino, numa vida de facto melhor do ponto de vista material, tudo factores muito positivos que tiveram o papel de aumentar as expectativas e as exigências. Mas os efeitos perversos desses processos criaram sociedades com novas formas de solidão, um individualismo triste, um psicologismo “mental”, acompanhado de uma incapacidade de acção colectiva, e mais ignorante. A ignorância das “gerações mais bem preparadas” é também nova face à antiga ignorância, que sabia que precisava de saber mais. A de hoje acha que meia dúzia de memes chega para conhecer tudo, opinar sobre tudo e que não é preciso ler livros. (...)

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Estamos num tempo em que apetece recomendar a muitos comentadores e afins que pululam nas televisões para anteciparem férias e talvez assim também eles depois de um interregno consigam reinventar-se. Quase falta de pudor, entre « ausência de respeito básico pelo espetador» e a «seca»  para se utilizar expressão que muitos lá nas televisões - homens e mulheres -  não se eximirão a utilizar. E há os veteranos com postura de «cátedra» ao jeito de «donos daquilo tudo» e do resto ...  Bem vistas as coisas, intervenção que apenas serve para preencher tempo sem qualquer utilidade -  por vezes mesmo vulgar. Sem qualidade.   Bem sabemos que para muitos será a sua forma de ganhar a vida. Não esquecemos a «crise da comunicação social» que também terá a ver com os resultados das eleições - profissionais mais «corajosos» o vão adiantando. Ora, neste tempo que nos couve  é um bálsamo o artigo de José Pacheco Pereira. Ali, a nosso ver, não há preguiça, mas o genuíno desejo de intervir, em processos de reflexão argumentados. Quem anda nos transportes públicos e tem a sorte no meio dos apertos de poder trocar dois dedos de conversa com o passageiro/a do lado não terá dificuldade em entrar no que JPP nos diz. O mesmo não será difícil verificar-se em conversa com «o biscateiro» ao balcão do café do bairro; ou com «a rapariguinha do shopping»  - olá, Rui Veloso! - que ali arranja unhas onde  domina o «gelinho»; ou com as mulheres de limpeza que correm de empresas para casas domésticas, desde madrugada às tantas da noite,  em estado de cansaço crónico ...

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Para as «CONVERSAS SEM TEMPO CONTADO» que há muito defendemos - sim que se podem/devem ter nos espaços enunciados por SOFIA LISBOA -«É preciso voltar aos clubes recreativos, às associações de estudantes, às actividades das juntas de freguesia, aos sindicatos. É preciso assumir responsabilidades nos partidos. Se não estamos envolvidos em nenhuma destas esferas, onde pensamos que podemos ir disputar o mundo?» -  a cruzar com o artigo aqui em apreço, como mais «uma acha» para a fogueira,o livro abaixo. Assistimos à apresentação que reforça a sugestão, onde o Autor de maneira natural disse que politicamente se situava entre o PS e CDU, ao mesmo tempo que dialogava com Nuno Crato que foi Ministro «da Direita», e foi um gosto ouvi-los, aliás como aos demais participantes. Mas na assistência não estariam os visados por JPP.
 

 SINOPSE
«Em O Fim da EducaçãoAntónio Carlos Cortez dá-nos a sua perspectiva sobre a falência da educação. Falência que é resultado, afirma, do tempo em que vivemos, adverso à cultura e inimigo do livro, da memória e do pensamento.
Um ensaio que se debruça sobre o empobrecimento geral do ensino em todos os seus graus: facilitismo, incúria e ausência de pensamento crítico. A mentalidade gestora, a superficialidade dos programas, o paradigma tecno-científico e a subsequente minimização das Humanidades, tudo isso se traduz, diz o ensaísta, na mais nefanda alienação.
António Carlos Cortez aponta soluções: uma reforma educativa que coloque as Humanidades e a verdadeira exigência e rigor (no acto de ler e de escrever, de pensar e de imaginar) no centro do processo educativo; o regresso ao livro e o combate pela memória». Saiba mais.
 
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E veio-nos à memória pensamento do saudoso Ruben de Carvalho que talvez ajude a não esquecer que há votantes que felizmente não padecerão de «desesperança», «solidão», «ignorância», com motivações diversas para o seu voto:
 


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Já agora, a arrolar para as CONVERSAS SEM TEMPO CONTADO» 


SINOPSE

O manual escolar, seja impresso ou digital, é um poderoso instrumento de estudo e uma ajuda inestimável a alunos, professores e pais. Quando bem concebido, e bem utilizado por docentes e discentes, ajuda a aprendizagem profunda, a assimilação e uso dos conceitos, o treino de procedimentos e a compreensão crítica das matérias.
Mas será que todos os manuais servem bem os seus propósitos? Como podemos avaliar e escolher um bom manual? E será que todos os professores os usam da melhor maneira e ajudam os seus alunos a retirar deles o maior proveito? Finalmente, será que todos os estudantes sabem utilizar os manuais como instrumento prático de estudo eficaz e de aprendizagem ativa?
Este livro explora o papel fundamental do manual escolar no ensino, mergulhando na sua história, evolução e nas suas funções no contexto educativo moderno. Nuno Crato examina a relação entre o currículo e os manuais, defendendo um ensino estruturado que promova o conhecimento de forma progressiva, e reflete sobre as críticas aos manuais tradicionais e as tendências para recorrer a materiais dispersos, argumentando que,  quando bem concebidos e utilizados, os manuais têm um impacto decisivo no sistema educativo. Saiba mais.
 
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