«Escrever sobre Luis Miguel Cintra é um exercício simultaneamente tentador e arriscado: pelo fulgor da sua presença, pelo brilho da sua arte – no teatro, na ópera ou no cinema – e pela dificuldade que sentimos em desenvolver um discurso crítico que dê conta dessa sua múltipla actividade artística.
É tentador porque ele é um actor-encenador-tradutor que tem falado – e escrito – longamente sobre os espectáculos que cria, declarando a sua ideia de arte, explicando as razões das suas opções dramatúrgicas, desenvolvendo uma argumentação que atravessa diversos territórios: a literatura, as artes (plásticas e musicais, sobretudo), a estética teatral, a responsabilidade cívica do gesto artístico, etc..
Por estas razões muito concretas, o simples facto de o citar é, desde logo, uma forma de aceder a um universo conceptual e a uma escrita fascinantes, a que podemos acrescentar a possibilidade de mobilizarmos uma iconografia que nos chega pelo trabalho inspirado de Cristina Reis, como cenógrafa e figurinista, e pelas belas fotografias sobretudo de Paulo Cintra, Laura Castro Caldas e Luís Santos a avivarem a nossa imprecisa memória.
A esse “espólio” acrescenta-se o belíssimo livro Teatro da Cornucópia: espectáculos de 1973 a 2001 (que Cristina Reis e Margarida Reis paciente e dedicadamente compuseram) e, mais recentemente, o interessante sítio na internet (desenhado pela Terra das Ideias) que prolonga a memória do exercício artístico e chega generosamente a todos nós, não só com informações importantes sobre os espectáculos, mas também com um sedutor manancial de textos e imagens.
Mas, a par desta tentação de citar e “remeter para” as suas palavras e as suas acções teatrais, habita a responsabilidade de escrever alguma coisa que dê um testemunho pessoal da nossa experiência: e aí o risco é grande. Porque não é fácil transpor para a palavra o que nos chega de formas tão diversas e nos toca tão fundo: pelo que vem escrevendo, pela travessia artística que o faz transitar do teatro até à ópera, da tradução até à reelaboração dramatúrgica, do palco até ao cinema.
Arriscaria, porém, três breves notas sobre o seu trajecto artístico:
1. Como encenador e actor, trabalhando textos do passado ou de tempos mais recentes, reconhecemos que há uma constelação de sentidos e de formas artísticas que ele mobiliza para nos fazer chegar uma interpelação (e não “transposição”) cénica dessa realidade literária. E para isso apontam as reflexões que integra no programa que acompanha cada produção»; CONTINUE A LER o texto de Maria Helena Serôdio, Presidente da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.
E Luís Miguel Cintra inicia o Programa o SENTIDO DOS MESTRES, assim divulgado no Jornal de Letras de 25 de Junho:
Mas pode ler mais em
RESPOSTA A UMA HOMENAGEM:
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