quarta-feira, 22 de maio de 2024

UMA CURIOSIDADE QUE NOS OCUPA | quantos farão zapping por causa de comentadores? | OCORREU-NOS AO VERMOS UMA SENHORA COMENTADORA A DAR «NOTAS» NA SEQUÊNCIA DE UM DEBATE SOBRE AS ELEIÇÕES EUROPEIAS ...

 

 

Tirada daqui

Comecemos assim: no Elitário Para Todos há «viciados» em comunicação social. Mais,  com todos os defeitos  o que seria de nós sem ela! Ainda, Comunicação Social sem censura é riqueza em qualquer País! Dito isto, longe vão os tempos de ser como já foi. Olhemos para o que se passa com os debates a propósito das Eleições Europeias em curso - e  vem de atos eleitorais anteriores:  é penoso assistir aqueles comentários logo a seguir aos programas e depois a outros onde tudo pode ser dito porque não são de jornalistas, embora alguns  o sejam ... Como introduzir estas dinâmicas nas nossas vidas? Por aqui de há muito que se deixou de ser espetador assíduo. Mas de vez em quando lá se vai ... Num dos últimos ocorreu-nos: sabendo-se que os canais televisivos se debatem entre si pelas audiências, saberão quantos abandonam a sua estação porque já não podem ouvir aqueles comentadores? Não dará saúde a ninguém assistir a tão cavernosos preconceitos, por vezes a  grosseira impreparação com petulância pelo meio ... A grande sobra: falta de respeito pelos espetadores. E a CDU continua a ser «o bombo da festa». Ilustremos: um interveniente, intelectual respeitado,  não resistiu, avaliamos nós,  à sua família política, e ao fazerem balanços do que já se tinha passado adiantava que a CDU pedia a saída do euro, e quando o moderador corrigiu que não seria bem isso mas sim que se preparasse essa eventual saída, até porque podia ser imposta, não se ficou, (reconhecer o erro não é para todos) e foi murmurando que até já quiseram um referendo ...; relativamente a um dos debates mais recentes, o da imagem acima, uma comentadora (apostemos, vai dar sempre a maior nota ao candidato da AD qualquer que seja a sua prestação) criticou a posição da CDU em torno do que foi dito  de estarem com o Papa sobre a Paz. Só lhe faltou dizer (ou será que disse algo equivalente?) que João Oliveira estava louco, mas não se perca tempo, de nada valerá chamar-lhe a atenção para a qualidade da prestação do candidato, concorde-se ou não com ele, porque a histórica jornalista avaliará em função  da sua postura de partida face ao Partido Comunista, e em defesa «dos seus», ou seja, da direita, argumentando de maneira casuística conforme der jeito; por fim, aqui-d´el-rei que são falsos os dados da CDU/PCP no que diz respeito à relação de Portugal com os fundos comunitários e à saída de recursos do País para os países da UE, e quando se afirma que salário médio em Portugal está mais longe do salário médio da Alemanha desde a adesão ao euro ... Pois é, João Oliveira está certo! Como se diria na gíria, «tomem e embrulhem!».
Nesta atmosfera, de seguida, recortes que, direta ou indiretamente, ajudam a tornar maior  e a dar claridade ao que se vem relatando.

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Da coluna de Clara Ferreira Alves, no semanário Expresso da semana passada: «(...)E, por último, se por qualquer razão as prestações falharem a relevância e a audiência, se adormecerem o povo elitista que está farto de si ou não o pode ver mais, se as inanidades e banalidades sobre os grandes temas fizerem adormecer ou sugerirem o zapping apressado para a concorrência, nós despedimo-lo. Metricsratings, etc.

Os senhores sabem, porque inventaram o fenómeno do comentariado dos políticos e porque esqueceram o lugar que ocupavam. Deixamos-lhes a coluna de jornal, se ficarem sem sustento, mas colunas de jornais não pagam dívidas.

É assim esta vida. Junte-se a nós. Faça parte de um clube de mais-valias, como se diz agora, que tem António Costa, Rui Rio e Fernando Medina como estrelas da companhia. E um padre. Deixe a política, deixe a pátria.

Oferecemos a maquilhagem e temos connosco a inteligência artificial e a robótica. Somos o futuro».

  

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 Também do semanário Expresso da mesma edição anterior, da coluna de Miguel Sousa Tavares - o destaque é nosso: «(…)Segundo contou depois o então PM israelita Naftali Bennett, o acordo falhou porque Boris Johnson e Joe Biden convenceram Zelensky a não assinar, garantindo-lhe todo o apoio militar necessário para uma vitória sobre os russos. E em Abril, quando a possibilidade de novo acordo estava em cima da mesa, Boris Johnson voou para Kiev para de novo dissuadir Zelensky de o assinar. De então para cá cessaram todas as tentativas de parar a guerra e os poucos que se atreveram a falar de paz, incluindo o Papa, foram tratados como “amigos de Putin”. Hoje, o ex-PM inglês ganha centenas de milhares de euros a fazer conferências pelo mundo fora pregando a necessidade de apoiar a Ucrânia indefinidamente. E o complexo militar industrial inglês e americano ganha milhares de milhões a vender armas para a guerra da Ucrânia, pagas pelos contribuintes desses países e dos países europeus.

Entretanto, no campo de batalha passou-se alternadamente do medo de uma rápida vitória russa para a euforia prematura de uma vitória ucraniana e daí para a situação actual: o avanço consistente e continuado dos russos e a iminência de uma derrota ucraniana. As linhas vermelhas no apoio militar fornecido foram sendo sucessivamente ultrapassadas — em tanques, aviões, sistemas de defesa anti-aérea e mísseis de longo alcance, incluindo até a presença de “conselheiros militares” —, tornando claro que esta não é apenas uma guerra da Ucrânia contra a Rússia, mas da Ucrânia e da NATO contra a Rússia. Porém, mesmo o fornecimento, em qualidade e em quantidades impensáveis, de armamento ocidental à Ucrânia está a tornar-se impotente face a um último e decisivo factor: o factor humano. A Ucrânia está a ficar sem homens para a defender: os que estão fora não querem voltar, os que estão dentro tudo fazem para não ir para a frente. Para evitar a derrota da Ucrânia falta então dar o último passo, aquele que Macron — outrora mediador da paz — agora propõe: o envio de tropas ocidentais para combater na Ucrânia contra a Rússia. A Terceira Guerra Mundial.

Sejamos claros: a derrota da Ucrânia será uma catástrofe. Uma catástrofe para a Ucrânia, primeiro que tudo, e para os ucranianos, que já sofreram mais do que lhes podem exigir. E seria também uma séria ameaça para a Europa. É fácil, ironicamente fácil, compreender a dimensão do que seria a ameaça de ver a Rússia de novo uns milhares de quilómetros adentro das fronteiras da Europa “livre”: basta imaginar a ameaça que os russos sentem ao verem a NATO avançar paulatinamente em direcção às suas fronteiras desde 1991. Viver em segurança ou em estado de ameaça latente não mudou hoje em relação ao que era no tempo da “Guerra Fria”: mede-se nos minutos que leva o míssil disparado pelo outro a atingir uma grande cidade nossa, dando-nos ou não tempo para ripostar de igual forma. Chama-se “equilíbrio do terror” e tudo passa, portanto, pela demarcação de fronteiras entre os dois lados. Quando Putin avisa que vai reposicionar mísseis nucleares junto à fronteira com a Finlândia e a imprensa ocidental logo noticia que “Putin volta a ameaçar com a guerra nuclear”, o que ele está a fazer é simplesmente a repor o equilíbrio alterado pela adesão da Finlândia à NATO e pelos mil quilómetros de fronteira com a Rússia assim acrescentados.

Porém — e isto é uma tese que vale o que vale —, eu acredito que Putin não tem nada a ganhar com a ocupação de uma Ucrânia derrotada e hostil, nem sequer para efeitos de propaganda interna. De volta a Macron, dizia ele — o Macron pró-paz e quando a guerra não corria tão bem a Putin — que era preciso ajudar a Rússia a sair da Ucrânia sem ser humilhada. A frase, embora ele já não a subscreva, continua actual, porque só há duas maneiras de acabar com uma guerra: ou pela derrota e humilhação de um dos lados ou por um acordo de paz. Ao contrário do que afirma o nosso actual ministro da Defesa, nem as eleições europeias nem a política europeia se resumem a escolher entre “os amigos da Ucrânia e os amigos de Putin”. Os verdadeiros amigos da Ucrânia querem que a Ucrânia deixe de ser massacrada e que Putin saia da Ucrânia, e isso consegue-se negociando um acordo de paz em que ambas as partes terão de ceder e os únicos que sairão a perder são os amigos da guerra».

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