terça-feira, 10 de julho de 2012

JOAQUIM BENITE


À partida, todos os convites são agradáveis, mas uns  são mais do que outros. É o caso deste. Ver distinguir uma pessoa que está entre as que nos ensinaram a ver teatro, e a perceber o seu papel na sociedade, é um prazer.  E com Benite continuamos a aprender. No Programa do Festival de Almada, a decorrer, na apresentação do Encontro da Cerca deste ano, sobre A crise no teatro  escreveu: Nos países civilizados (verbi gratia a Alemanha, a França, a Itália, a Inglaterra, a Espanha, etc.) desconhecer tudo o que diz respeito ao teatro, ou não acompanhar as suas actividades, é um motivo de constrangimento e de vergonha. Para muitos destes países, o índice de desenvolvimento teatral (vide o caso da Alemanha) é o principal indicador do desenvolvimento cultural. Ao contrário, no nosso País, com uma das mais altas iliteracias da Europa, não ir ao teatro é uma atitude normal, que não mereceria a crítica de ninguém. O Teatro di prosa, na acepção italiana, o Teatro de arte, na acepção inglesa, russa e alemã, o Teatro Público, na acepção francesa, é misturado e avaliado com subprodutos de natureza parateatral, e é empurrado cada vez mais para uma lógica de mercado que continua a alastrar na sociedade consumista em que vivemos. Sem instrução não pode desenvolver-se o hábito da frequência de teatros. O esforço de criar um público é uma tarefa que cabe ao Ministério da Educação e ao Ministério da Cultura, que nunca mais vemos inaugurar um tipo de colaboração que poderia desempenhar um papel fulcral na formação de públicos. Ibsen, Brecht, Genet, Shakespeare, Garrett, Thomas Bernhard ou Schnitzler são, para uma maioria esmagadora dos portugueses, ilustres desconhecidos.
Ao Teatro de Arte cabe hoje a responsabilidade de defesa da cidadania, da democracia e dos seus valores, numa luta que terá certamente sucessivos desfechos, derrotas e vitórias, e que se inscreve na História da Cultura.O resto é silêncio.
E justifica-se dar aqui conta dos participantes do Encontro:
André Albuquerque (Actor, membro do CENA - Sindicato dos Músicos, dos Profissionais do Espectáculo e dos Audiovisuais)
António Pinto Ribeiro (Programador de Teatro da Fundação Gulbenkian)
Carlos Vargas (Presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II)
Daniel Oliveira (Jornalista)
Fernando Mora Ramos (Encenador, Director do Teatro da Rainha)
Joaquim Benite (Encenador, Director do Festival de Almada)
Jorge Silva Melo (Encenador, Director dos Artistas Unidos)
José Luís Ferreira (Director do São Luiz Teatro Municipal)
José Peixoto (Encenador, Director do Teatro dos Aloés)
Mark Deputter (Director do Maria Matos Teatro Municipal)
Tónan Quito (Actor, Encenador, membro do Grupo Truta)

Talvez seja o lado bom da crise: debate-se!

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