Expresso - 2017.12.23
Excerto da Notícia com sublinhados nossos:
«(...)
A escritora Luísa Costa Gomes,
com várias dramaturgias
suas encenadas no TNSJ, como
“Macbeth”, ou “A grande vaga
de frio”, a partir de “Orlando”,
de Virginia Woolf, o que a tem
levado a trabalhar de perto com
Sobrado, não esconde em de
-
clarações ao Expresso, ter ficado
“razoavelmente espantada
com a escolha, e de um modo
extremamente positivo”. Tudo
porque, sublinha, “os gestores
não têm de ser escolhidos entre
quem não faz a mínima ideia” do
que é o programa ou a vivência
da estrutura que vai dirigir e apenas
porque se presume perceber
de gestão. Assim, conclui, a opção
tomada “só pode valorizar
quem escolheu e o escolhido”.Passa por aí uma das questões
centrais ligadas a esta indigitação
divulgada durante o jantar
de Natal do TNSJ, efetuado
na passada terça-feira. Pedro
Sobrado, cuja escolha terá de
ser confirmada pela CReSAP-Comissão
de Recrutamento e
Seleção para a Administração
Pública, é, nas palavras de Ricardo
Pais, “uma das grandes
inteligências ao serviço das
nossas instituições”. Descreve-o
como “um homem de cultura,
lido, qualificado, do teatro.
Formou-se no TNSJ e, por uma
vez, temos alguém que conhece
intrinsecamente e pessoalmente
a herança daquele teatro. A sua
indigitação, além de ser uma luz
ao fundo do túnel, constitui uma
marca de inteligência do secretário
de Estado da Cultura”.
Falta confirmação oficial
Ricardo Pais realça a circunstância
de “não ser por acaso que,
pela segunda vez, as sucessões
nos cargos importantes do TNSJ
são feitas a partir de quem lá
está”. Na opinião do encenador,
isso revela que “o TNSJ tem uma
personalidade de tal maneira
forte que não suscita preocupações”,
ao mesmo tempo que
fica a evidência de que “enquanto
em Lisboa estas coisas são
resolvidas por golpes às vezes
surpreendentes, no Porto é resolvido
pacificamente entre os
governantes e a própria casa”.
Resulta daí, sublinha, “um reconhecimento
da maturidade atingida
pelas estruturas do TNSJ”.Do gabinete de Miguel Honrado,
secretário de Estado da
Cultura, ainda não saiu a confirmação
oficial da substituição de
Francisca Carneiro Fernandes,
que terminou em novembro
o seu terceiro mandato como
presidente do Conselho de Administração.
Em todo o caso,
Nuno Carinhas, diretor artístico
do teatro, e com quem Pedro
trabalhou para a dramaturgia
de várias peças, em particular
“Breve sumário da história de
Deus”, “Os Últimos dias da humanidade”
ou “Macbeth”, destaca
a circunstância de se tratar
de “um apaixonado do teatro e
de toda a construção
do processo
teatral”. (...)».
.
. .
Esta notícia é um compêndio. De facto, remete-nos para questões centrais da Administração Pública portuguesa e em particular para a situação dos «Nacionais» na Cultura. Cidadãos haverá e, em especial, trabalhadores em funções públicas,mas também, certamente, académicos, que olharão para a coisa com um sentimento de descrença que não augura nada de bom. Entremos no pormenor:
- Desde logo, também aqui a questão tem a ver com o modelo institucional a seguir no TNSJ e nos demais «nacionais». E não se pode iludir que na defesa das soluções «empresa pública» e «entidade pública empresarial»(a atual) um dos argumentos assenta na vantagem da separação da «Administração» ligada à gestão da «Direção Artística», em contraponto com solução anterior em que o Diretor do Teatro ao mesmo tempo o Diretor Artístico. E esta continua a ser solução preferida por alguns que o têm dito publicamente;
- Mas, pelos vistos, para se saber de gestão não precisa saber-se de gestão, daquela que se aprende nas escolas. Mas até também por isso há que definir o PERFIL DO PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO;
- E é fundamental saber-se como é que se chega à PESSOA. Qual o Processo e, verdadeiramente, perceber-se qual o papel da CRESAP. E em qualquer caso parece ser de bom tom não fazer qualquer anúncio antes do seu veredicto. Imagine-se que é negativo, não cai bem. Por outro lado, alguém pode concluir que as notícias até querem pressionar a CRESAP;
- E aquela de se louvar o recrutamento interno até terá os seus encantos mas também terá as suas desvantagens. Até nas universidades se vem a lutar contra isso ... Dá ideia que está tudo em família, que se está a funcionar em circuito fechado, em que há uma rotatividade entre poucos, ...
- E é claro que agora todos nós queremos saber quem é que na CRESAP vai decidir e como vai decidir ...
- E também gostávamos de ouvir os Governantes, estas coisas não se podem restringir a um jantar de natal quando em causa temos uma ORGANIZAÇÃO PÚBLICA e que deste modo não poderá ser olhada como se de um condomínio privado, e fechado, se tratasse;
- E não ficaria mal que as diferentes soluções tivessem uma tradução financeira para se ajuizar com mais propriedade;
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