sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

LUÍS RAPOSO | «Luzes e sombras em vésperas do Ano Europeu do Património Cultural»



Um excerto: «(...) Ou seja, estamos na vanguarda no plano do discurso e da reivindicação para que outros façam; e estamos na retaguarda quando se trata de efectivamente fazer. Quem tem culpa de tal estado de coisas? A quem atribuir a vergonha de sermos o povo que menos visita museus ou o que menos considera os bens patrimoniais no planeamento de férias? Às políticas governativas ou autárquicas das últimas décadas, as quais, passado o impulso dado pelo “dia inicial inteiro e limpo” do qual nasceram cerca de 200 Associações de Defesa do Património, se rendem cada vez mais ao mercantilismo (“quem quer cultura, paga”)? Sim, elas pouco ou nada têm ajudado a corrigir este terceiro mundismo quase endémico. Mas não nos iludamos: a culpa mora principalmente em nós, seja este nós “o povo”, sejam os que dele nos consideramos intelectuais e nos encapsulamos prazerosamente nos poucos bares onde todos nos conhecemos, todos (mal)dizemos e pouco fazemos. Poderá a coisa mudar um dia? Diríamos que sim, com o optimismo que a militância associativa e cívica nos manda ter. E talvez a gazua esteja na introdução do ensino para o Património Cultural nas escolas, ambição de 93% dos respondentes portugueses, que neste particular dão cartas. (...)».

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