Sobre a Semana em Defesa da Cultura que está a ser anunciada através da «palavra de ordem» ACORREI, QUE MATAM A CULTURA!!! (ver post anterior) já há quem tenha acorrido a pronunciar-se: Pacheco Pereira na revista SÁBADO passada.Como não temos link, um excerto do artigo tirado daqui:
«Um desenho que ilustra as actividades do Manifesto em Defesa da Cultura é todo um tratado simbólico do pensamento sobre a "coisa". Há dois glutões armados de dentes e ferrões, com vários olhos, que atacam uma menina indefesa que cai de alto, com os seus longos cabelos, a dita "cultura". "Acorrei que matam a cultura!!!", nem mais nem menos do que com três pontos de exclamação. O texto do Manifesto de Dezembro de 2011 revela bem a imbricação desta "cultura" com a burocracia governamental, nele se refere o PRACE, o PREMAC, o INOVART, o ICA, a DG Artes, todos os acrónimos usados com o à-vontade de quem conhece bem estes meandros do Estado. O Manifesto é um longo e palavroso exercício dominado pelo dinheiro "não mercantil", ou seja, o do Estado, o célebre 1% no Orçamento para a "cultura". Dinheiro e o modo burocrático como é concedido são as preocupações fundamentais: "Destruição e perversão do princípio de serviço público; estrangulamento financeiro; desmantelamento, redução e desqualificação de serviços; centralização e agregação burocrática de instituições; mercantilização: as políticas de agressão à Cultura seguidas pelos últimos governos criaram uma situação insustentável". A preocupação não se afasta nunca do Estado. Repare-se que não se trata de uma queixa contra a censura, contra perseguições a artistas individuais pelo que fazem ou dizem, mas uma queixa geral sobre a falta de encomendas: ""Austeridade" na cultura não destrói só o que existe, destrói o que fica impedido de existir". E o que "fica impedido de existir" é, entre outras coisas, "a criação contemporânea". O que temem é uma "área cultural (...) inteiramente colonizada, sem alternativa, pelos produtos mercantis, rotineiros e homogeneizadores das indústrias culturais". Dono por dono, preferem o Estado e os governos.»
E a reação de Carlos Vidal no Blogue 5dias: Directamente da Marmeleira Pacheco Pereira volta a pronunciar-se sobre arte, cultura e o Estado (na “Sábado”) de onde se tirou esta passagem:
«Mas por que é que Pacheco Pereira acha bem, na sua postura “liberal”, que a Cornucópia, por exemplo, agonize? Por uma razão muito simples: porque nunca lá pôs os pés, nem lá nem numa sala de concertos onde se trabalhe música depois de Bach (acabou-lhe a mente por aí). Nunca lá pôs os pés como nunca pôs os pés numa sala onde se represente obra de coreógrafos ou coreógrafas dos nossos dias, cineastas, artistas plásticos, galerias, não sabe o que é a Documenta de Kassel, não sabe o que é crítica de arte: uma vez li um “texto” (com muitas aspas) do indivíduo sobre o seu amigo Ângelo de Sousa (que eu tive o prazer de prefaciar o “Jornal da Exposição” quando de uma retrospectiva ainda na Casa de Serralves) – foi para mim uma experiência triste. Fiquei em depressão por haver gente que não reconhece um espelho para se ver. O indivíduo não domina um único termo, uma única palavra, um único conceito do vocabulário plástico nem crítico. E teria de dominar? Sim.»
E como tem a ver com tudo isto, o Elitário Para Todos sugere que se ouça o que Rui VIeira Nery disse no Sinais de Fumo e divulgado neste Post.
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