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O que seria de nós sem os Alertas Google?, eventualmente não saberíamos, ontem, que os resultados dos Apoios Estatais através da DGARTES nas modalidades «ANUAIS» (para 2015, imagine-se !) e BIANUAIS (2015 e 2016) já eram conhecidos. (Ontem ainda não havia site da DGARTES, hoje já há, e desejamos «boa sorte», não vá ele ser sol de pouca dura, e aguarda-se, naturalmente, esclarecimentos sobre o«bug»). O alerta remeteu-nos para o artigo a que se refere a imagem acima, que faz uma boa resenha do estado dos apoios do Estado em que nos encontramos. De lá, excertos, alguns que, no no mínimo, arrepiam:
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«Bruno Bravo, encenador, não esconde a sua desilusão perante estes resultados: "Apanhou-nos de surpresa. Temos passado os últimos dias em reuniões para perceber o que vamos fazer. Somos uma estrutura com 14 anos e temos apoio sustentado da DGArtes há 10 anos. A companhia tem evoluído bastante, com produções mais ambiciosas, mais equipas, temos um espaço. Estes dois últimos anos foram de um esforço brutal e a nossa expetativa era que, pelo menos, mantivéssemos o apoio que tínhamos até aqui, e que já era pouco [na ordem dos 60 mil euros]».
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«"Pusemos a hipótese de acabar com a estrutura mas não vamos admitir que a DGARTes consiga acabar com uma companhia que já existe há tanto tempo, com provas dadas. Vamos procurar outras formas de financiamento e resistir", diz Bruno Bravo, que critica bastante a política seguida pela DGArtes: "Antes era uma estrutura plural, agora mudou de paradigma, quer que todas as companhias sejam iguais. Mas não são. Nem todas as companhias fazem itinerância, nem todas têm serviço educativo." E acrescenta: "A estratégia é para que haja uma concentração dos apoios em cada vez menos estruturas. O futuro não é nada promissor, é mesmo muito perigoso. Devíamos estar todos alerta."».
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«O descontentamento é visível entre as estruturas que receberam apoios muito aquém do que foi pedido - como o Al Kantara, que vai receber 96 mil euros por ano o que, segundo Thomas Walgrave, é manifestamente insuficiente para realizar o festival - e sobretudo entre os que ficaram de fora dos apoios, como a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, de Vasco Wellenkamp, que já há alguns anos enfrenta uma situação financeira bastante débil».
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«Outra surpresa foi a recusa de apoio à Real. Na sua página de Facebook, o coreógrafo Joao Fiadeiro manifestou o seu desalento: "Pela primeira vez em quase 20 anos, a RE.AL e o Atelier Real não foram contemplados com apoios do Estado nos concursos abertos pela DGArtes. A primeira reação, à flor da pele, foi dizer basta. Chega. Não quero mais brincar a este jogo perverso, arbitrário, disfuncional." Mas promete que, apesar de injustiçado, não vai desistir: "estamos a passar por uma das fases mais vitais e vibrantes do nosso percurso. A REAL acaba de voltar em força ao trabalho coreográfico, com estreia no Maria Matos e no Rivoli na próxima temporada e com vários teatros europeus na calha para nos programar em 2016." Fiadeiro sente que o "sistema colapsou, entrou em pane, fez tilt. E que é tempo de fazer zoom out e tentar que esta situação não passe impune e desapercebida. E, sobretudo, que sirva para alterar profundamente a lógica do sistema. Não por mim, que tenho os meus meios e redes e formas de continuar a trabalhar (se não for aqui, será lá fora), mas por Todos."»
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O artigo do DN, traz mais informação, que nos deixa a pensar, e que esperemos outros reflictam - mais uma vez, «pequenos/grandes temas» a que as campanhas eleitorais não deviam ser indiferentes:
- «(...) já a meio do concurso a tutela aprovou um reforço de 400 mil euros em relação ao que estava previsto para este ano para tentar chegar a mais estruturas». Onde se foi buscar este dinheiro?, e a meio do jogo.
- «A DGArtes esclareceu ainda ao DN que a decisão de cancelar a fase de audiência dos interessados foi tomada para não atrasar ainda mais o processo de atribuição dos apoios: "Tendo em conta a data em que ocorre esta notificação, e considerando que todo o processo administrativo poderá levar a que os apoios concedidos venham a ser atribuídos só a partir do próximo mês de julho, em benefício do interesse das próprias entidades e, naturalmente, do setor em geral, a DGArtes decidiu suprimir a fase de audiência de interessados neste procedimento", explica a instituição, lembrando que, no entanto, todas as estruturas têm o "direito de solicitar a modificação, suspensão, revogação ou declaração de invalidade do ato mediante reclamação ou recurso para o órgão com competência para o efeito"». Mas o que é isto?, não haverá aqui uma confusão entre princípios e formas de ultrapassar a ineficiência da Administração?, e ao mesmo tempo troca-se a «audiência» por processos mais morosos e caros, e impossíveis para muitos - reclamação e recurso. Ou será que os serviços e os júris não tinham capacidade para fazer face às audiências? E mais ainda: é possível, com aquela argumentação? É que em todo este atraso, mais semana, menos semana, para defender princípios ...
- «Claro que ficam de fora diversas entidades, mas entretanto a DGArtes abriu pontuais (800 mil euros, para 45 projetos) e internacionalização (386 mil euros para um máximo de 45 projetos). Foi alargado até 15 de junho o prazo das candidaturas a Pontual para dar a todos a oportunidade de se candidatar"». Ora aqui está, sobre a identidade de cada modalidade de apoio, a identidade de cada projeto, e a assunção de que cada projeto «é único», estamos conversados.
Perante tudo isto, como dizem pessoas ouvidas pelo DN, não restam dúvidas:
«Devíamos estar todos alerta»
«Que esta situação não passe impune e desapercebida»
«O sistema colapsou»
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