Sobre a noticia da imagem também se pode ler aqui, donde (sublinhados nossos):
«O que, para a presidente do Conselho de Administração do TNSJ, significa
que "é preciso perceber que há coisas que tinham de ser sacrificadas,
mas há outras que urge não continuar a sacrificar sob pena de o resultado ser muito, muito penoso para o teatro português".
"Isto é suprapartidário, é para além de eleições, é preciso perceber que
não está tudo bem. É natural que quem está longe não perceba o que é que se sacrificou, [mas] é preciso voltar a olhar e perceber que urge não sacrificar tudo", apelou Francisca Fernandes».
Face a estas palavras não percebemos bem aquele «suprapartidário». Possível leitura recorrendo a uma imagem: «qualquer partido teria que partir a perna e pôr o TNSJ manco, mas atenção, o assunto não tem nada a ver com as eleições ...». Pois pensamos o contrário, e, em particular, sugerimos que se pergunte a todos os candidatos: como vão tratar o financiamento dos NACIONAIS ? Para além do mais, teria um efeito pedagógico ... Ou seja, ISTO TEM MESMO A VER COM ELEIÇÕES!
Ainda, ao lermos as notícias sobre a «missão manca», veio-nos à memória o que o Diretor Artístico do TNSJ disse em 2014 nesta entrevista, que, a nosso ver, direta ou indiretamente está relacionado com o assunto. E será que há por aqui alguma contradição? Excertos:
«(...)Que balanço faz destes quatro anos?
Não temos parado. Vivemos uma espécie de festival permanen te, com poucos recursos conseguimos fazer imensa coisa. Temos tido uma enorme diversidade, mantendo sempre a qualidade mas dando oportunidade a quem não dispõe de meios para avançar um pouco mais.
(...)
Que marca gostaria de deixar?
Gostaria que a cidade, o público e os profissionais sentissem que, em tempos difíceis, o Teatro São João foi um porto seguro.
Um teatro nacional deve servir que objetivos principais?
A defesa da língua é indispensável. De resto, está na lei orgâni ca do Teatro. Mas há outras: assegurar que todos os elementos do espetáculo têm o mesmo valor. É fundamental que o desenhador de luz ou de som, o cenógrafo ou o figurinista estejam ao mesmo nível e que o teatro seja sempre um laboratório de artes.
Que outros deveres de um teatro nacional?
Um teatro nacional deveria ter por obrigação alimentar gru pos de atores, nem que fosse de temporada a temporada, que permitisse assegurar a manutenção de uma certa maneira de fazer.
Ou seja, deve ser uma espécie de exemplo da não precariedade.
Eu gostaria muito que fosse. É um objetivo difícil de atingir, ainda mais em tempos economicamente difíceis.
Nos últimos três anos, foi feita uma redução de 16 por cento nos custos fixos e o orçamento anual atual fica aquém dos cinco milhões de euros. Já foi de sete. Como tem lidado com a austeridade?
Com combatividade e imaginação, sem perder os objetivos da diversidade e da qualidade, com cumplicidades reforçadas.
Em contexto da crise, para onde vai o teatro português?
O teatro tem consigo uma capacidade de resistência e resiliên cia históricas. Quanto mais difíceis são os tempos mais acirrada fica a vontade de combater e construir. Essa nem sempre é a me lhor maneira de consolidar um projeto e por vezes vê-se o traba lho ser cortado, amputado, sempre um mau caminho. Os políti cos deviam perceber que não se pode tirar tudo de uma só vez. Há uma reserva de alimento individual e coletivo que tem de fi car, a bem do país e das pessoas.
(...)»
Tudo conjugado, no mínimo, ficamos a pensar ... E muito em especial, não resistimos, porque não nos larga: a questão da COMPANHIA RESIDENTE num Teatro Nacional parece-nos mesmo tema de debate nestas eleições.
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