Por várias vezes aqui, no Elitário Para Todos, temos dado conta da «irritação» que nos causa o discurso dos governantes e seguidores, que às vezes estão onde menos se espera, - (ainda recentemente num evento na Culturgest o seu diretor artístico, a nosso ver quase a despropósito, e até nos impressionando, como dizer, tal falta de solidariedade e cumplicidade com o setor, repetia o discurso oficial do momento, mas felizmente que a jornalista que conduzia a conversa em volta do mecenato, onde detetamos alguma ironia, não deixou de assinalar que era bom ver quem estava satisfeito quando na rua os profissionais se manifestavam contra a situação dos orçamentos públicos para a cultura) - quando se referem ao grande aumento que se verificou no financiamento às artes, nomeadamente nos concursos através da DGARTES. «Baixinho», nomeadamente o Ministro da Cultura, lá vão dizendo «relativamente ao ciclo anterior». Por isso se vê como útil que alguém com o prestigio do Diretor do CAV traga o assunto para titulo de notícia, como se vê no recorte inicial. De facto, basta ampliar o número de anos para se concluir da miséria das verbas que é dedicada à cultura e às artes mesmo comparando com o passado. E aqui, sim, faz sentido assinalar o quanto se está longe do indicador «1% para a cultura». Mas além das medidas imediatas que é necessário tomar para se mitigar o desastre dos resultados dos concursos recentes da DGARTES, ao mesmo tempo, um debate sério de natureza estratégica é preciso em torno da fundamentação do ORÇAMENTO DO ESTADO PARA A CULTURA: que, por exemplo, nos mostre a QUALIDADE que queremos e as REMUNERAÇÕES a seguir que deem dignidade aos seus profissionais - no ativo e na reforma. Por isso, Albano Silva Pereira, obrigado.
E sempre que abordamos este ângulo do problema vem-nos à lembrança palavras de António Lagarto. Ilustremos com este excerto de uma entrevista sua ao Expresso em 2017:
Naturalmente, quando se está a lutar pela sobrevivência, estas matérias ficam secundarizadas ... E também nisso o Governo tem responsabilidades. Empobrece o debate. E perturba como só ouve o que quer ouvir, e como não acolhe para reflexão o que generosamente e como expressão maior de cidadania vem do setor ! Quantas das vezes dos nossos melhores.
Ah, depois do estudo e reflexão, que se quer permanente, continuado e sistemático, intuímos que o 1% para a Cultura não vai chegar.
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