E eis que o silêncio se rompe com um artigo de opinião. Ferramenta estranha de governação mas sabemos que é fruto dos tempos. Aceite-se então o ARTIGO. Estamos a referirmo-nos ao da imagem em que a Ministra da Cultura quer desmontar a luta dos trabalhadores da Entidade Publica Empresarial (EPE) OPART. Mas qualquer pessoa «isenta» mesmo não sabendo do que se passa não se deixará levar pelo que lê. Ilustremos com uma lógica tipo discussão «seminário de mestrado» que foi isso que nos ocorreu à medida que iamos lendo o texto:
- Desde logo, na gestão da coisa pública, como na vida em geral, temos que «cuidar o futuro», (e roubamos a expressão a Maria de Lurdes Pintasilgo), e o presente. Sim, ao mesmo tempo. Tecnicamente são interdependentes - se não cuidamos o curto prazo podemos nunca chegar lá, ao futuro, e há medidas imediatas que são compativeis com qualquer futuro: será o que se passa no Teatro de São Carlos e na Companhia Nacional de Bailado. E, insistamos, pode mesmo correr-se o risco de não tratando do imediato não chegarmos a futuro algum.
- E o artigo quer afogar-nos numa seriação de ações feitas ou a fazer como se fossem alternativas. Ou que mutuamente se excluem, e estranha-se que nesse paraiso de feitos não apareça exactamente ponto essencial reinvindicado pelos trabalhadores. Como se a gestão da coisa pública assentasse em dicotomia: ou isto ou aquilo. E foi aqui que nos lembrámos do célebre discurso do Ministro da Cultura Brasileiro do primeiro «Governo Lula» - Gilberto GIL - em que o lema era fazer ISTO E AQUILO. E, sumarizando, governar é HARMONIZAR as partes, e explicar as opções feitas. Ora, no artigo não se consegue perceber porque não se chega a acordo com os trabalhadores, não se deixando de reparar na forma como (pode ser que não seja intencional) se isola o Sindicato.
- E lá temos outra vez Grupo de Trabalho para fazer o que compete aos serviços e aos Administradores - que parece se evaporaram tal são poupados no artigo. E dá ideia que a legislatura começou há uns meses, como se qualquer ministro não tivesse de herdar o que os anteriores lhe deixaram, sem disso se queixar, e muito menos quando o GOVERNO é o mesmo.
-E perante a enumeração do que aconteceu com a criação da entidade OPART exposta no artigo, a pergunta que se impõe: está a Senhora Ministra de acordo com a sua existência? E o Governo no seu todo? Voltamos a lembrar que prometeram estudar outras possibilidades. Bom, como estamos em fim de legislatura talvez nos venham pedir desculpa pelo facto de não terem cumprido, e prometer que vão tratar disso no futuro. Pois é, não há «futuro» há «futuros». Que têm de ser precisos para podermos escolher. E não um «futuro» vago para fazer titulo.
- E não vale a pena continuar, entretanto o CENA-STE teve «direito de resposta» no mesmo jornal Público e só o titulo «promete»: