Uma intervenção que fiz em COIMBRA e que quero também partilhar aqui, onde digo por exemplo:
Capitais,
culturais e europeias
1.
O
evento: a primeira circunstância será a da pertinência deste nome na análise,
evento, grande evento, evento único e o que nos diz da coisa, da localização,
do tempo e das amplitudes de sentido que partilhe e dissemine. Evento – palavra
que se usa para tudo o que misture acontecimentos, aparentes intensificações de
densidade de experiências sensíveis sob a forma de mediatizações e espectáculo,
isto é, todas as coisas, tudo o que acontece, o que traduz logo o que na realidade
é mais oculto – pelo excesso da luz do visível que cega como cega um sol
frontal - no que transparece e transborda numa Capital Europeia da Cultura: a
de que nada acontece de mudança, de transformação de horizontes concretos de
vida com a alteração das condições de criação real que não acontecem e que
deveriam, caso acontecessem, activar o papel das artes e da cultura, a sua
inscrição, o enraizamento diríamos melhor, das suas práticas na vida quotidiana
da cidade – enraizamento significa o contrário de sobrevoar, de surfar,
significa a incorporação de uma nova orgânica vital. É essa mudança que não
chega, em que não se aposta, significaria outra forma de viver, outra
estruturação da vida na cidade, outros modos de criar e fruir pertencentes ao
corpo urbano. A que associamos evento? À rapidez, ao seu desaparecimento e à
sua substituição por um novo evento portanto, entretenimento intenso de um ano,
feira ou como lhe queiram chamar.
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