Acabo de ler que este governo já fez mais de quinhentas nomeações. E porque é que não espanta o feito e a rapidez? Nada se esperava de diferente. A velocidade das nomeações é superior à de Sócrates considerando o período de tempo homólogo de início da governação. E o que é que nos diz este dado? São forças políticas do mesmo tipo. Mal se instalam no poder fazem tudo para se eternizar nele e a pressa de tudo controlar passa a ser programa – fora dele fazem o mesmo, o carácter permanentemente eleitoral (directo, eleitoral e indirecto, sob escrutínio mediático diário) do exercício do poder e do exercício de oposição, de reconquista do poder no caso, fazem da democracia um simulacro com dois protagonistas em alternância sistémica, já que nada se decide fora da gestão diária da fabricação simulada de uma identificação com o interesse geral, tudo o que acontece cada vez mais medido em função de uma quantificação estatística constante dos humores avindos e desavindos dos eleitores como reacção aos casos efémeros do que, finalmente, constitui a governação na esfera pública enquanto imagem dos próprios poderes e líderes.
Na realidade o governo hoje é a maior ou menor capacidade de organizar junto dos que de algum modo escrutinam a governação, o eleitorado e os poderes com força mediática de facto, a aceitação pacificada da melhor mentira acerca de cada caso – as artes de relativizar a verdade nunca foram tão acrobáticas e nisso os média e a sua ambivalência de estatuto, vozes de poder e vozes críticas, vão realizando o seu jogo duplo, por vezes na defesa de verdades evidentes e escarrapachadas, outras vezes na sua ocultação manhosa - já que os casos, na irracionalidade do sistema e suas erupções de imprevistos e na impossibilidade de uma concertação estratégica da mentira, se sucedem uns aos outros “obrigando” quem governa, não a governar, mas a dar em espectáculo explicações e tomar medidas para uma reinterpretação dos casos como afinal sendo culpa de outros, sempre terceiros e estranhos, bodes expiatórios uns, novos inimigos outros, sacrificados consentidos se necessário. O culpado é sempre um caso excepcional, alguém que degenerou, porque os outros são criaturas éticas e nada têm a ver com empresas nem negócios menos visíveis, o que a justiça sempre tardia comprova sempre por ausência de concretização dos processos legais, ora prescrevem, ora são tão longos que apodrecem morrendo a culpa mesmo que não solteira pelo esmorecimento da memória. Onde andará Dias Loureiro, por exemplo? Não era próximo do Presidente Cavaco, membro do Conselho de Estado?
A maior parte do esforço de governação das forças ultra liberais é dedicarem-se à sua própria perpetuação no poder. E isso significa governar para o partido e neste caso para a coligação de poder. O que explica o número obsceno de nomeações em tão breve período. Será que quota do CDS respeita a sua percentagem e isso ajuda a explicar o número amplo? A coligação será essa? Tudo indica que quanto à aritmética dos proveitos clientelares são competentes. É a lei da proporção no usufruto do poder concreto, és mais pequeno comes na proporção do tamanho – qual o maior desejo de Portas? Crescer, e só o nariz lhe faz a vontade, como o do Engenheiro Pinóquio, como lhe chamou sempre a direita com inveja do seu talento de direita.
Não é por acaso que os dois ministérios em que abundam as nomeações são o de Miguel Relvas e o de Assunção Cristas. No primeiro caso percebe-se que é o homem do aparelho no governo, o gestor directo dos interesses partidários na orgânica governativa. Os 65 nomeados até agora, outros virão, serão a rede, o grupo de controlo, a polícia política partidária. No caso de Assunção Cristas o pessoal nomeado garante certamente uma presença CDS suficientemente ampla para impedir que o parceiro de coligação fique proprietário das benesses económicas que cria o largo espectro de acção que é o território da economia pública e as suas fronteiras com as empresas privadas. É nas parcerias público privadas que está a virtude e no trânsito que permitem e sugerem. Neste aspecto a imaginação destes governantes é rigorosamente criativa pelo lado da quantidade possível de nomeações em “sede” de crise da dívida. Com tanta desestruturação dos aparelhos ministeriais em marcha, das suas orgânicas efectivas, este contingente de assessores cria uma espécie de poder paralelo possibilitando uma gestão dos actos de governo muitas vezes à margem das próprias legislações e orgânicas sectoriais.
E a crise? E os desempregados? E o corte na despesa pública? São tudo apenas variáveis da política como engenharia financeira. Se necessário for despedem-se mais funcionários públicos para contratar assessores, mesmo que com recibo verde. Ser recibo verde justifica até salários mais chorudos, dada a precariedade. Ele há recibos verdes dourados e precários de luxo, não duvidem.
Fernando Mora Ramos
Na realidade o governo hoje é a maior ou menor capacidade de organizar junto dos que de algum modo escrutinam a governação, o eleitorado e os poderes com força mediática de facto, a aceitação pacificada da melhor mentira acerca de cada caso – as artes de relativizar a verdade nunca foram tão acrobáticas e nisso os média e a sua ambivalência de estatuto, vozes de poder e vozes críticas, vão realizando o seu jogo duplo, por vezes na defesa de verdades evidentes e escarrapachadas, outras vezes na sua ocultação manhosa - já que os casos, na irracionalidade do sistema e suas erupções de imprevistos e na impossibilidade de uma concertação estratégica da mentira, se sucedem uns aos outros “obrigando” quem governa, não a governar, mas a dar em espectáculo explicações e tomar medidas para uma reinterpretação dos casos como afinal sendo culpa de outros, sempre terceiros e estranhos, bodes expiatórios uns, novos inimigos outros, sacrificados consentidos se necessário. O culpado é sempre um caso excepcional, alguém que degenerou, porque os outros são criaturas éticas e nada têm a ver com empresas nem negócios menos visíveis, o que a justiça sempre tardia comprova sempre por ausência de concretização dos processos legais, ora prescrevem, ora são tão longos que apodrecem morrendo a culpa mesmo que não solteira pelo esmorecimento da memória. Onde andará Dias Loureiro, por exemplo? Não era próximo do Presidente Cavaco, membro do Conselho de Estado?
A maior parte do esforço de governação das forças ultra liberais é dedicarem-se à sua própria perpetuação no poder. E isso significa governar para o partido e neste caso para a coligação de poder. O que explica o número obsceno de nomeações em tão breve período. Será que quota do CDS respeita a sua percentagem e isso ajuda a explicar o número amplo? A coligação será essa? Tudo indica que quanto à aritmética dos proveitos clientelares são competentes. É a lei da proporção no usufruto do poder concreto, és mais pequeno comes na proporção do tamanho – qual o maior desejo de Portas? Crescer, e só o nariz lhe faz a vontade, como o do Engenheiro Pinóquio, como lhe chamou sempre a direita com inveja do seu talento de direita.
Não é por acaso que os dois ministérios em que abundam as nomeações são o de Miguel Relvas e o de Assunção Cristas. No primeiro caso percebe-se que é o homem do aparelho no governo, o gestor directo dos interesses partidários na orgânica governativa. Os 65 nomeados até agora, outros virão, serão a rede, o grupo de controlo, a polícia política partidária. No caso de Assunção Cristas o pessoal nomeado garante certamente uma presença CDS suficientemente ampla para impedir que o parceiro de coligação fique proprietário das benesses económicas que cria o largo espectro de acção que é o território da economia pública e as suas fronteiras com as empresas privadas. É nas parcerias público privadas que está a virtude e no trânsito que permitem e sugerem. Neste aspecto a imaginação destes governantes é rigorosamente criativa pelo lado da quantidade possível de nomeações em “sede” de crise da dívida. Com tanta desestruturação dos aparelhos ministeriais em marcha, das suas orgânicas efectivas, este contingente de assessores cria uma espécie de poder paralelo possibilitando uma gestão dos actos de governo muitas vezes à margem das próprias legislações e orgânicas sectoriais.
E a crise? E os desempregados? E o corte na despesa pública? São tudo apenas variáveis da política como engenharia financeira. Se necessário for despedem-se mais funcionários públicos para contratar assessores, mesmo que com recibo verde. Ser recibo verde justifica até salários mais chorudos, dada a precariedade. Ele há recibos verdes dourados e precários de luxo, não duvidem.
Fernando Mora Ramos
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