Conforme divulgámos no Elitário Para Todos no post «L’avenir de la culture, un projet collectif européen» | 4 e 5 ABRIL 2014, nesta data realizou-se o Fórum Europeu de Chaillot. Curiosamente no passado dia 26 - por coincidência no dia seguinte às eleições Europeias, e certamente não por acaso - no jornal Público, como matéria de opinião, podia ler-se o apelo da imagem seguinte que está disponível online. Aqui.
Como se pode ver, é assinado pelos seguintes governantes:
Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura de Portugal
Šarunas Birutis, Ministro da Cultura da LituâniaAurélie Filippetti, Ministra da Cultura e Comunicação de França
Dario Franceschini, Ministro do Património, Cultura e Turismo de Itália
Monika Gruters, Ministra da Cultura e dos Media da Alemanha
Uroš Grlic, Ministro da Cultura da Eslovénia
Costas Kadis, Ministro da Educação e Cultura de Chipre
Dace Melbarde, Ministra da Cultura da Letónia
Fadila Laanan, Ministra da Cultura, do Audiovisual, Saúde e Igualdade de Oportunidades da Bélgica
Ivan Secik, Secretário de Estado da Cultura da Eslováquia
Petar Stoyanovich, Ministro da Cultura da Bulgária
Andrea Zlatar Violic, Ministra da Cultura da Croácia
Enfim, não se pode dizer que o texto seja o texto que se espera de responsáveis institucionais da cultura. Defendem-na, a cultura, em função do seu impacto na economia, em torno das famigeradas indústrias criativas, e eixos afins. E palavras de destaque são concorrência, fiscalidade, solidariedade, digital, ..., enfim, palavras que certamente podem ser organizadoras de boas causas, mas a CULTURA e as ARTES como desígnio, na circunstância EUROPEU, têm de encontrar outras palavras e outros caminhos. E não ficar assim como que rente ao chão.
E há passagens que na perspectiva nacional não deixam de ser delirantes, como esta (destaques nossos):
«Por esta razão, os setores culturais não devem ser uma variável de ajustamento na crise. Não devemos esquecer que os setores criativos são para a Europa uma mais-valia numa economia mundial fundada na inovação e na criatividade. Numerosos estudos já demonstraram que a cultura cria atividade e emprego. Segundo a Comissão Europeia, as indústrias culturais e criativas representam 4,5 % do PIB europeu e 8 milhões de empregos no continente. A cultura é um setor dinâmico, voltado para o risco e para a criatividade, um setor em que a necessidade de inovação envolve muitos outros setores. Necessitamos de encorajar este dinamismo através de políticas mais proactivas».
Mas o que é que o Secretário de Estado da Cultura português tem feito para que não haja cortes cegos na Cultura ? Não é ele o primeiro a justificar o injustificável no que diz respeito aos orçamentos para a Cultura e as Artes? Bom, perante isto, é melhor rir do que chorar ... .
Já agora, recomendamos que os signatários do apelo leiam o livrinho da imagem abaixo porque quer se concorde ou discorde é outra coisa: tem passado, reflexão, e aponta futuros. E o autor até conheceu aqueles meandros do Parlamento Europeu ... .
A propósito, da pg. 40: «Os políticos europeus têm dissertado largamente sobre a importância desse património, quer para a identidade nacional, quer para uma identidade europeia, e costumam empreender correlativamente a discussão da dimensão económica essencial das indústrias culturais e de outras actividades culturais correntes.
Mas é inevitável que, por maior que seja a seriedade destas abordagens, eles sabem que não vão aproximar-se de uma verdadeira solução». Como estamos em crise, e sem dinheiro para o «luxo» que passou a ser comprar livros, lembre-se que este é em conta. Saiba mais aqui.
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