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Excerto:
«(...)
Defendi isso mesmo, em 2012 (em pleno período de
intervenção da troika), numa entrevista ao Jornal de Notícias, procurando
contribuir para o reforço dos mecanismos de eficácia e da dimensão da estrutura
do Estado, e sei muito bem como reagiram certas pessoas em funções em direções
regionais. Respondi na altura que me preocupava a organização do Estado, a
eficácia da sua resposta aos cidadãos e que era assim que entendia o desempenho
de funções públicas.
No caso da região centro, a pouca utilidade que atribuo à
DRCC, na sua atual organização, é ainda agravada por uma certa desadequação do
perfil para o cargo da pessoa que ocupa a função de direção. Na verdade,
esperar-se-ia que o diretor da DRCC tivesse um currículo muito relevante na
área da cultura e, removendo os cargos de nomeação político-partidária,
demonstrasse um conjunto muito relevante de realizações culturais de elevado
impacto.
Também se esperaria uma aptidão particular para a gestão
cultural, com realizações que o demonstrassem ou outras indicações que
refletissem uma visão inspiradora e de relevo sobre o papel da cultura no
futuro da região. Consultando o despacho de nomeação da atual diretora da DRCC
(Despacho nº16361/2013 de 18 de dezembro), assinado pelo Secretário de Estado
da Cultura da altura, Jorge Barreto Xavier, e respetiva nota curricular, fica
evidente a referida desadequação.
Acresce que, como leio várias vezes na comunicação social,
são frequentes as demonstrações de falta de visão na definição de uma
estratégia de médio e longo-prazo que permita colocar a região centro no mapa
cultural do país e do mundo. É para mim, por isso, totalmente incompreensível
que, tendo sido nomeada pelo Governo de Pedro Passos Coelho para a DRCC, o
atual Governo a tenha mantido no lugar nos últimos 2 anos.
Razões partidárias e outras que vejo muitas vezes
argumentadas no espaço público, mas que desconheço e não quero conhecer,
poderiam dar-nos alguma pista sobre este estranhíssimo fenómeno de nomeação e
manutenção no cargo de uma pessoa cujo perfil parece não ser o mais adequado
para a função. São, no entanto, coisas que a política, demasiado centrada nos
partidos, nos tem mostrado como muito comuns, mas às quais eu não me habituo.
Recentemente, de acordo com o que foi reportado pela
comunicação social, a diretora regional de cultura terá declarado, perante
agentes culturais da área do teatro, que visitava um determinado grupo pois
“…por incrível que pareça, não me pediram dinheiro. Como é possível? Ainda por cima
na área do teatro! Foi algo que me tocou bastante. É uma lição de como um grupo
de teatro profissional, com três atores, que se dedica de corpo e alma ao seu
trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central”.
São afirmações que considero muito graves e desrespeitosas
dos vários agentes culturais da região centro, mas também dos profissionais da
administração central e regional que os ajudam na obtenção de financiamento
público para a sua atividade, e que demonstram a ausência de visão e perfil
para gerir a cultura na região centro.
Consequentemente, como cidadão, como contribuinte, como
amante de cultura, como incorrigível otimista num futuro melhor, só solicito ao
Governo que liberte esta senhora do incómodo da função que “desempenha”».
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