Em menos de uma semana ouvimos e lemos opiniões sobre o impacto das políticas francesas nas práticas portuguesas na esfera da cultura: nomeadamente na Conversa da Cerca do Festival de Teatro de Almada 2022 e agora na entrevista do Expresso a Jack Lang. Como se pode ver no trabalho do semanário: «Impulsionador de Políticas Culturais que Portugal decalcou». Até hoje não encontrámos quem indique como isso aconteceu e como se expressa. No que diz respeito ao Teatro, onde «França» é tão referida (e em regra como um sendo um contágio que é de combater) pelos vistos já deixou de ser Malraux o «decalcado». Mas vejamos: Lang, segundo a wikipedia, «He is best known for having served as Minister of Culture (22 May 1981 – 19 March 1986 and 13 May 1988 – 29 March 1993) and as Minister of Education (3 April 1992 – 29 March 1993 and 27 March 2000 – 5 May 2002)», portanto segundo a lógica que se quer impor, talvez seja de não excluir Malraux ... Mas vamos lá, sem ironia, a algumas Notas (e valem o que valem, provavelmente pouco ou nada) de quem viveu por dentro a vida do Ministério da Cultura/Secretaria de Estado da Cultura desde o 25 de Abril:
- Pessoas houve (certamente não todas) que passaram pelo Governo e pelos serviços e com capacidade para influenciarem direta ou indiretamente o evoluir das coisas que eram informadas e naturalmente que tinham em conta o que intelectuais da estatura de Malraux e Lang defendiam e praticavam. Mas «decalcar» não estamos a ver ... E lembramos a vinda a Portugal de Jack Lang no 1. º Governo de Guterres aquando da «Cultura em Diálogo», e as intervenções havidas de Agentes Culturais, nomeadamente do Teatro, em que se mostrava conhecimento universal e inserção na realidade nacional, mas nada de «copy e paste» e que foram tidas em conta nas mudanças - essas sim estruturais - na esfera das «Artes do Espectáculo» então havidas. Onde estarão essas intervenções?
- Depois, se estivermos atentos, verificamos que Agentes Culturais reconhecidos, e até com espaço público, mostram que o nosso País precisa de olhar para o que se passa em França, em Itália, na Alemanha ... no que se refere ao ordenamento da intervenção do ESTADO no âmbito da Cultura ... Mas é claro, «benchmarking» - aprender com os melhores - sempre! Alguns nem sequer têm experiências, digamos, francesas, o que não significa que não aplaudam o que por lá acontece, nomeadamente quanto à malha da descentralização ou, por exemplo, na forma como tratam o seu Molière, adiantando que devíamos fazer o mesmo com o nosso Gil Vicente, e até há quem defenda que um TEATRO NACIONAL (sem porventura esgotar a sua missão) o devia assegurar ... Diga-se que isso era pacifico nas reestruturações lá pelos anos de 1996/97, e visível nas orgânicas então elaboradas.
- Se estivermos com atenção até talvez se reconheça que o ARTS COUNCIL OF ENGLAND «influenciou» muitas das nossas medidas, ao ponto de, em dado momento, se poder concluir que tenha havido desejo de acabar com a DGARTES e criar um ARTS COUNCIL OF PORTUGAL.
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E isto é para continuar ...
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