domingo, 14 de agosto de 2022

«A Festa do Teatro faz de Setúbal um lugar de intensa atividade intelectual - lúdica, surpreendente, inteligente»

 

Recorte do semanário Expresso desta semana, do trabalho de João Carneiro

A Festa do Teatro faz de Setúbal um lugar de intensa atividade intelectual — lúdica, surpreendente, inteligente

TEXTO JOÃO CARNEIRO

O artigo é sobre o Festival de TEATRO DE SETÚBAL MAS A «O COMEÇO» TEM VIDA PRópria. Confira por si:

 

«Érefrescante — e não só do ponto de vista térmico — constatar o esforço, empenhamento, tenacidade, entre muitas outras qualidades, de pessoas, organizações, entidades, grupos, instituições — toda a gente que, pelo verão adentro, organiza coisas como Festivais de Teatro. Deve-se escrever a expressão com letra maiúscula, pois é de reconhecimento que se trata. As coisas não estão fáceis, num país que atravessa um período estranho; de onde escrevo estas linhas, Lisboa, é palpável uma sensação de decadência, de abandono, de decrepitude, que assola a cidade, aparentemente devolvida aos turistas, e na realidade sonegada aos seus habitantes, que a partir do final da tarde podem percorrer a Baixa, a Praça da Figueira, o Martim Moniz, e dar conta do deserto urbano em que se transformaram.

Esperemos que uma intervenção forte no sentido na revitalização urbana, pelo menos aqui na capital, se mostre, pelo menos, ao nível daquilo que os festivais de teatro denotam de maturidade e generosidade, do ponto de vista cívico, intelectual e artístico. Mas é do Festival Internacional de Teatro de Setúbal que se trata; da Festa do Teatro, como também se chama, e que este ano cumpre 24 edições, sem interrupção, mesmo durante os anos da recente pandemia. Sendo um Festival de Teatro, quer dizer que se abre a outras correntes das artes performativas. É inevitável, nos dias de hoje, tanto mais que a noção de teatro é de tal maneira complexa e abrangente que falar de teatro é falar de uma possibilidade de encontro entre artes e práticas performativas. Mas falamos também, e ainda, maioritariamente, daquilo que, sem recurso a definições sempre erróneas, cada pessoa reconhece como teatro; prosaicamente, como deve acontecer, tanto nos casos do maior refinamento estético, como nos casos, que se pretendem muitos, de quem faz das artes uma necessidade quotidiana, sem disso ter de fazer alarde, ou coisa pior. (...)».

 

Sem comentários:

Enviar um comentário