sexta-feira, 16 de setembro de 2016

POLÍTICA CULTURAL | CINEMA | «Nomeação de Júris no cinema»

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Nomeação de júris no cinema


A manter-se este modelo, o Governo cauciona uma ideia de que os concursos de apoio ao cinema são uma distribuição automática de dinheiros públicos àqueles que se revelem mais fortes ou influentes.
O compromisso com um “reforço claro do investimento na cultura" no OE 2017 manifestado recentemente em declarações públicas pelo Sr. Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, só pode ser saudado pelos agentes culturais, acossados desde há muito por trabalharem num sector cronicamente subfinanciado.
No entanto, esta aposta só será consequente se o Governo a fizer acompanhar, sem tropeços ou embaraços, de uma política cultural reconhecível, com linhas de orientação claras e regras de participação idóneas e transparentes, e com entidades públicas capazes de a executar.
(...)
Parece-nos ainda mais surpreendente que a Tutela – esta, a anterior ou qualquer outra – possa aceitar sem incómodo o modelo de absoluta promiscuidade criado pela Direção do ICA, onde um tráfico de influências devidamente regulamentado serve para agentes diretamente interessados no resultado dos concursos condicionarem antecipadamente os seus resultados.
A manter-se este modelo, o Governo cauciona uma ideia de que os concursos de apoio ao cinema são uma distribuição automática de dinheiros públicos àqueles que se revelem mais fortes ou influentes junto da Direção do ICA, abstendo-se de assegurar as regras mínimas de idoneidade no decorrer do processo.
(...)

Nós, os abaixo-assinados, não nos conformaremos com este processo e dele recusamos fazer parte. Não queremos ser chamados para propor ao ICA nomes de júris, nem queremos que outros interessados diretos no resultado dos concursos o façam. Queremos a alteração do decreto-lei que permita devolver a responsabilidade da escolha dos júris ao ICA, como sempre sucedeu no passado, assegurando a neutralidade e equidistância necessárias a estes procedimentos. Queremos que isso se faça com uma Direção do ICA capaz de assumir as suas responsabilidades no processo. E queremos acreditar que a passividade do atual Ministério da Cultura, se deva apenas a uma falta de atenção que seguramente ainda vai a tempo de corrigir.

Primeiros subscritores:
Alexandre Oliveira, Filipa Reis, Ivo M. Ferreira, Joana Ferreira, João Botelho, João Canijo, João Matos, João Nicolau, João Pedro Rodrigues, João Salaviza, Leonor Teles, Luís Urbano, Marco Martins, Margarida Cardoso, Margarida Gil, Miguel Gomes, Pedro Borges, Pedro Costa, Pedro Peralta, Rita Azevedo Gomes, Salomé Lamas, Sandro Aguilar e Teresa Villaverde

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