E trazemos, desde já, para aqui excerto
a que nos sentimos muito
afeiçoados no nosso afã em defesa
do SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA:
«(...)Ela ilustra perfeitamente um dos mais persistentes lugares-comuns com que se defronta toda a política cultural, a não ser que ela se reduza a cuidar do património: a subversão artística (ou, pelo menos, o gasto em actividades que ocupam uns poucos e satisfazem uns tantos) realiza-se à custa da subvenção. Já o Dicionário das Ideias Feitas, de Flaubert, dava a seguinte definição para Literatura: “ocupação dos ociosos”; e para Artes: “São verdadeiramente inúteis, substituíveis por máquinas que fabricam mais rapidamente”.
A propósito dos subsídios à cultura (Oh, a cultura, tão oleada e deslizante que ela é! Mas isso é outra conversa: entrar por aí, agora, seria deitar fora o bebé com a água do banho), há um argumento, raramente evocado, que desfaz completamente o lugar-comum: não há hoje quase nenhuma actividade que não seja subvencionada pelo Estado, muito embora circule a triunfante ideia de que “subsidiodependentes” são os artistas, os actores e outras categorias de ociosos. A agricultura, a pecuária, a pesca, a floresta, os transportes, os combustíveis – tudo é subsidiado, tudo beneficia de elevados orçamentos de instituições estatais. Até a tourada, que uns reclamam que é cultura e outros que é um culto (para não parecer neutro, declaro que estou do lado dos que acham que é um culto da estetização do sacrifício e da morte de um animal, a que os “crentes” conferem uma dimensão mística) é directa e indirectamente subsidiada. (...)».
Sem comentários:
Enviar um comentário