segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

O ARTIGO DE GRAÇA CASTANHEIRA DEVIA SER «EXCLUSIVO PARA TODOS»|é este o titulo:«Ano novo, cultura nova»|BOA SINTESE !

 

A nosso ver o artigo a que se refere a imagem é mesmo de ler. Se puder não perca. É exclusivo, mas há possibilidades gratuitas. Abaixo, algumas passagens, difíceis de eleger  - porque o todo prende-nos. Ai, aquele «porque esse é o caminho mais rápido para as nossas vidas ficarem exatamente na mesma» é sábio.Mas vamos lá aos excertos:

 

«Ano novo, cultura nova - Sei que vou viver mais um ano como grande parte dos artistas e criadores vivem em Portugal; nessa vida difícil não estou sozinha — e antes estivesse.
 
«(...) Tenho-me deixado enrolar pelos dias, pela falta de resposta, por alguma preguiça, um certo desalento sobre como as coisas são. Esse tempo acabou. Para o ano vou ser disciplinada: vou chatear de morte quem não me atende os telefonemas, quem não me responde aos emails; vou até impugnar decisões de júris; ou interromper os trabalhos da Assembleia da República com protestos imaginativos. Vou fazer greves de fome temáticas — a que chamarei genericamente “jejuns pela cultura” — e amarrar-me-ei às portas dos equipamentos onde tenho assuntos a decorrer em regime de arrastamento. Posso também vir a irromper com estrondo pelos corredores do CCB, do MUDE, da RTP, do Ministério da Cultura ou do ICA, apresentando ao vivo e a cores as minhas ideias ou os meus projetos. Enfim, tudo farei menos imolar-me ou importunar quem nada tem que ver com a minha luta. Prometo — e promessas leva-as o vento.
Se entendermos o ato de governar como a promoção da saúde dos sistemas, da vitalidade e a eficácia geral das sociedades humanas, sim, as cunhas, o tráfico de influências, o nepotismo, os lobbies são aspetos doentes que é preciso curar. E curar é o termo. Não se trata, portanto, de erradicar, despedir, substituir ou de se zangarem as comadres, porque esse é o caminho mais rápido para as nossas vidas ficarem exatamente na mesma. (...)
O que eu receio é que, na tentativa de corrigir o sistema, se instalem novas camadas de burocracia, novas e antigas formas de corrupção. As soluções só o serão se resultarem de uma troca dialogante e negociada. De outro modo, ministra e setor permanecerão num regime conflitual e improdutivo,
tipo nem o pai morre, nem a gente almoça.
 O modo como as sociedades ocidentais condenaram à precariedade uma das áreas mais vitais do tecido próprio das democracias talvez um dia venha ser considerado o erro político mais grave de todos os tempos».


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