quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Para não tirar a Cova da Moura da agenda ...

 

Todos nós conheceremos a rapidez com que os assuntos entram e saem da observação da comunicação social. Então das primeiras páginas nem se fala! Foi por isso com interesse que lemos o trabalho acima no jornal Avante!. Se quer conhecer  a realidade Cova da Moura é, a nosso ver, um bom contributo. Mais um excerto, continuando o recorte inicial (o sublinhado da «cultura» é nosso):

«(...) Neste es­paço, é clara a li­gação e o con­tacto entre a as­so­ci­ação e os mo­ra­dores que re­pre­senta, desde a exis­tência de ho­rá­rios se­ma­nais para o aten­di­mento da po­pu­lação, pro­postas de re­qua­li­fi­cação dos ar­ru­a­mentos, e mapas e uma ma­queta de cartão do bairro.

No en­contro, foi des­ta­cada, pela as­so­ci­ação de mo­ra­dores, a co­la­bo­ração e aber­tura do PCP em dis­cutir os pro­blemas es­pe­cí­ficos do bairro, que são muitos e com­plexos. A le­ga­li­zação e re­qua­li­fi­cação da Cova da Moura, a ne­ces­si­dade de mais tra­ba­lha­dores em áreas como a lim­peza ur­bana ou a ur­gência do al­ca­tro­a­mento das ruas foram al­gumas das muitas rei­vin­di­ca­ções da po­pu­lação local le­van­tadas pela as­so­ci­ação.

Muitos destes pro­blemas, re­feriu a as­so­ci­ação, po­de­riam ter so­lução hou­vesse uma ver­da­deira von­tade po­lí­tica de su­ces­sivos go­vernos, bem como do exe­cu­tivo ca­ma­rário, ac­tu­al­mente sob gestão do PS, que, afirmou, muitas vezes não os re­solve sob a jus­ti­fi­cação de que o bairro é clan­des­tino.

Da parte do PCP, além de ter sido dado des­taque a uma pro­posta re­cen­te­mente apre­sen­tada na As­sem­bleia da Re­pú­blica para a ex­pro­pri­ação dos ter­renos do bairro, foi va­lo­ri­zada a ca­pa­ci­dade de re­sis­tência dos mo­ra­dores, bem como a sua ca­pa­ci­dade de auto-or­ga­ni­zação, de que a as­so­ci­ação de mo­ra­dores ou o Moinho da Ju­ven­tude são exem­plos con­cretos.

No en­contro, su­bli­nhou-se uma ideia fun­da­mental: os mo­ra­dores do bairro da Cova da Moura lutam para viver bem, para viver o me­lhor pos­sível, e para ter paz. Nessa luta, frisou Paulo Rai­mundo e toda a de­le­gação co­mu­nista, podem contar com o PCP.

 Viver com dig­ni­dade
Após a reu­nião, a de­le­gação do PCP, acom­pa­nhada pelos di­ri­gentes da as­so­ci­ação de mo­ra­dores, per­correu as ruas do bairro, con­tac­tando com as pes­soas que lá vivem e com pe­quenos co­mer­ci­antes.

Nestes con­tactos (assim como na reu­nião), o Par­tido su­bli­nhou, em ani­madas con­versas e dis­tri­buição de um pan­fleto es­pe­cí­fico, que o que se exige na Cova da Moura não é, em muitos casos, di­fe­rente do que se exige para todas as ou­tras co­mu­ni­dades – a ga­rantia do di­reito ao tra­balho com di­reitos, a me­lhores sa­lá­rios, à ha­bi­tação, à saúde, à edu­cação, à cul­tura, ao des­porto. O di­reito a ter uma vida me­lhor, que se possa viver com dig­ni­dade.

Com o sol já a pôr-se, mas ainda com muitas pes­soas nas ruas, a de­le­gação do PCP pôde ob­servar aquilo que já sabia, mas que a co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante, ao ser­viço dos grandes in­te­resses, in­siste em não mos­trar – que esta é uma co­mu­ni­dade cons­ti­tuída, mai­o­ri­ta­ri­a­mente, por tra­ba­lha­dores que de­sem­pe­nham um im­por­tante papel na so­ci­e­dade por­tu­guesa, e que lutam di­a­ri­a­mente por uma vida me­lhor, in­com­pa­tível com a si­tu­ação de de­gra­dação em que se en­contra o bairro, em di­men­sões como as infra-es­tru­turas ou a hi­giene ur­bana.

Le­ga­li­zação e re­qua­li­fi­cação
É ne­ces­sário le­ga­lizar-se e re­qua­li­ficar-se o bairro da Cova da Moura. Quem o afirmou foi não só o Se­cre­tário-Geral e de­mais ele­mentos da de­le­gação do Par­tido, mas, também, a as­so­ci­ação de mo­ra­dores e as pes­soas que lá vivem.

Como ele­mento fun­da­mental nesse pro­cesso – ne­ces­sário à me­lhoria das con­di­ções de vida da po­pu­lação –, su­bli­nhou Paulo Rai­mundo, está a al­te­ração da pro­pri­e­dade dos ter­renos onde o bairro está ins­ta­lado (ac­tu­al­mente na posse de três en­ti­dades), pro­ce­dendo-se à sua ex­pro­pri­ação.

Apenas com a pas­sagem dos ter­renos para plena pro­pri­e­dade pú­blica se po­derá ini­ciar um pro­cesso de pla­ne­a­mento ur­bano (com a ela­bo­ração de um plano de por­menor) que, cons­truído com a par­ti­ci­pação das as­so­ci­a­ções re­pre­sen­ta­tivas da po­pu­lação, re­sulte na re­qua­li­fi­cação do bairro.

Esse era, re­feriu o di­ri­gente co­mu­nista, o sen­tido da pro­posta que o PCP apre­sentou no início de No­vembro, de adi­ta­mento ao Or­ça­mento do Es­tado para 2025, que previa a do­tação de 25 mi­lhões de euros para o pro­cesso de ex­pro­pri­ação, através do IHRU. (...)».

 Sublinhámos «cultura», e voltamos a ela para perguntar que política central existe - sim, em colaboração com o poder local - para assegurar (e não apenas apoiar) a vida artística e cultural da Cova da Moura. Claro, e de outras realidades equivalentes. Não como uma intervenção pontual que se limita ao imediato - contudo ações imediatas impõem-se -  mas centralmente como  intervenção que tem estratégia. Com futuro. Não, não nos digam que se submetam aos malfadados concursos da DGARTES. Ainda não perceberam  que o modelo está esgotado?



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