segunda-feira, 18 de julho de 2011

FOI NO ANO DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO - 2009



Isto de estar a participar num Grupo online em torno das Indústrias Culturais e Criativas, a que me referi no post anterior, leva a que ande a regressar a coisas que fiz no passado sobre o assunto. Recorrer à memória,  que é uma coisa que nos falta em termos organizacionais colectivos. E foi neste labor que revi este post num blogue que alimento com estudantes. E aqui neste momento centro-me na revista FORMAR, ali referida, que  a pretexto do ano da Criatividade e Inovação (estes «anos de» são uma invenção engraçada) dedicou um número ao tema, como pode verificar, que inclui um trabalho de Fernando Mora Ramos - FORMAÇÃO E EMPREGO NO TEATRO: INOVAR - e uma coluna de José Carlos Faria - FORMAR O QUÊ (QUE CONTEÚDOS DE FORMAÇÃO?), PARA QUEM? . Vale a pena ler - Pag. 33 online como está dito no post indicado.  Passagens:
«(...)
É por estas razões que a verdadeira inovação
 não está na utilização de um dado
instrumento tecnológico, o que no teatro
se faz há muito, sendo um excelente território
das experimentações da tecnologia
aplicadas ao som, à luz e à arquitectura
e acústica, por exemplo. Sofisticados
meios que noutras áreas, como nos concertos
musicais ao vivo, são aplicados de
forma massiva e pouco subtil, no teatro
são, pelo contrário, aplicados com verdadeiro
requinte de solução estética experimentada.
Hoje em dia, um piano de luzes
e bons projectores num espaço de distâncias
e volumes adequado são capazes de
quase tudo, ao ponto de transformarem
a intervenção da luz num fortíssimo elemento
de linguagem cromática e cenográfica,
além da sua função específica de
iluminar. A luz ganhou com a electrónica
algo que a faz transcender claramente um
papel técnico, assumindo, como nunca
até agora do ponto de vista da profundidade
e extensão dessa presença, uma função
estética.
Mas todas estas novas possibilidades só
crescem num terreno fértil do ponto de
vista humano, num terreno democrático.
O que implica de facto uma grande volta
na realidade actual e nos interesses instalados.
Uma verdadeira Reforma do Ensino
Artístico e uma Reforma do Teatro não
são mais do que actos imprescindíveis à
qualificação da democracia, para que ela
não seja esta tristeza de episódios de novela
recorrentes – a falsa actual face do
que se acha que é a política – por falta de
verdadeira capacidade espiritualizada e
mental na vida em comum dos Portugueses.
 Fernando Mora Ramos
«(...)
A cursos dedicados aos estudos teatrais, por exemplo, não deveria ser possível jogar um registo de pouco rigor, que leva a que se diga que aquela mesmíssima plataforma também serve para formar actores e isto porque obviamente é lacunar e não sistémica. Até agora, uma das saídas profissionais passava pela abordagem aoTeatro no ensino secundário. Mas a reformulação operada pela tutela do Ministério da Educação veio afectar este estado de coisas, restringindo turmas e horários e confrontando a esmagadora maioria com o desemprego. A miséria corroeu a escala de valores. O medíocre e o talentoso coexistem na falta de trabalho, e não é aqui aconcorrência ou a competitividade que estão aptas a garantir emprego aos melhores.Não há para quase ninguém.O Teatro é uma expressão que convoca e irradia as outras artes e tem estas características desde a matriz grega. No seu camaleonismo versátil, os actores descobrem que têm o direito de se igualar aos romancistas, poetas e pintores nas visões que produzem sobre os seus espectáculos.
Seria interessante ter escolas associadas ao funcionamento das companhias: a praxis, a formação em xercício, os estágios profissionalizantes... Um laboratório permanente sobre a arte do actor (o trabalho de/com o actor). E pode-se falar até da experiência da Escola de Formação Teatral do Centro Cultural de Évora – pensada inicialmente para ser uma fonte de abastecimento da descentralização, o que é facto é que mais de 85% dos seus alunos vieram para a profissão e ficaram... Mas como poderá haver fomento do emprego se a maior parte das estruturas portuguesas estão mergulhadas em subfinanciamento?
José Carlos Faria

Sem comentários:

Enviar um comentário