Hoje no Jornal Público há um artigo de PEDRO BORGES com o titulo QUE PARTE É QUE NÃO PERCEBEU? HÁ DINHEIRO !, no âmbito de um debate sobre cinema. Se tiver assinatura online pode ser lido aqui. Eu li-o na edição impressa (se o autor o quiser disponibilizar através deste blogue teremos muito gosto). Não adiro a muito do que ali é enunciado como ilustração de que há dinheiro, mas compreendo a ideia. Porém, há um aspecto que vem de encontro a matéria que ando a sublinhar ao longo de muitos anos - a GRATUITIDADE. Escreve Pedro Borges:
«(...)Não, é claro que não há dinheiro. Para a Cultura, não há dinheiro. Para o cinema, não há dinheiro. A não ser, é claro, o dinheiro que nunca é contabilizado, que é o que os agentes culturais e os artistas investem no seu trabalho. Porque, se queremos falar de dinheiro, e não de cultura, gostava de dar um exemplo.
Um filme como Sangue do Meu Sangue, que agora estreou e circula por todo o mundo (agora e por muitas décadas), custou um milhão de euros (dos quais 600 mil de um investimento do Instituto de Cinema). Noutro país qualquer, custaria o dobro ou o triplo, e mesmo aqui deveria ter custado bastante mais. Porquê? Porque foram os actores, os autores, os técnicos e todos os que nele se envolveram, que prescindiram de honorários decentes para que o filme pudesse existir. Porque, por exemplo, em quatro anos de trabalho, o seu realizador - senhor com uma carreira de mais de 30 anos - recebe menos que um motorista da Secretaria de Estado da Cultura. Porque, outro exemplo, a sua actriz principal - senhora que é a grande, a maior, actriz portuguesa em actividade -, por dez meses de trabalho esforçado e extraordinário, ganha menos que uma apresentadora da RTP (aos pulos) num mês… (...)».
Um filme como Sangue do Meu Sangue, que agora estreou e circula por todo o mundo (agora e por muitas décadas), custou um milhão de euros (dos quais 600 mil de um investimento do Instituto de Cinema). Noutro país qualquer, custaria o dobro ou o triplo, e mesmo aqui deveria ter custado bastante mais. Porquê? Porque foram os actores, os autores, os técnicos e todos os que nele se envolveram, que prescindiram de honorários decentes para que o filme pudesse existir. Porque, por exemplo, em quatro anos de trabalho, o seu realizador - senhor com uma carreira de mais de 30 anos - recebe menos que um motorista da Secretaria de Estado da Cultura. Porque, outro exemplo, a sua actriz principal - senhora que é a grande, a maior, actriz portuguesa em actividade -, por dez meses de trabalho esforçado e extraordinário, ganha menos que uma apresentadora da RTP (aos pulos) num mês… (...)».
Sendo isto generalizável a tantas outras artes percebe-se a revolta quando se fala dos subsidiodependentes. Cá por mim estou-lhes muito grata, sem esse gratuito eu não teria tido acesso a muita da oferta cultural que tenho consumido ao longo da minha vida. Até porque não teria existido, muita dela. E é preciso contabilizar o gratuito.
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