À partida, todos os convites são agradáveis, mas uns são mais do que outros. É o caso deste. Ver distinguir uma pessoa que está entre as que nos ensinaram a ver teatro, e a perceber o seu papel na sociedade, é um prazer. E com Benite continuamos a aprender. No Programa do Festival de Almada, a decorrer, na apresentação do Encontro da Cerca deste ano, sobre A crise no teatro escreveu: Nos países civilizados (verbi gratia a Alemanha, a França, a Itália, a Inglaterra, a Espanha, etc.)
desconhecer tudo o que diz respeito ao teatro, ou não acompanhar as suas
actividades, é um motivo de constrangimento e de vergonha. Para muitos destes
países, o índice de desenvolvimento teatral (vide o caso da Alemanha) é o
principal indicador do desenvolvimento cultural. Ao
contrário, no nosso País, com uma das mais altas
iliteracias da Europa, não ir ao teatro é uma atitude normal, que não mereceria
a crítica de ninguém. O Teatro di prosa, na acepção italiana, o Teatro de arte, na acepção inglesa, russa e alemã, o Teatro Público, na acepção francesa, é
misturado e avaliado com subprodutos de natureza parateatral,
e é empurrado cada vez mais para uma lógica de mercado que continua a alastrar
na sociedade consumista em que vivemos. Sem instrução não pode desenvolver-se o
hábito da frequência de teatros. O esforço de criar um público é uma tarefa que
cabe ao Ministério da Educação e ao Ministério da Cultura, que nunca mais vemos
inaugurar um tipo de colaboração que poderia desempenhar um papel fulcral na
formação de públicos. Ibsen, Brecht, Genet, Shakespeare, Garrett, Thomas
Bernhard ou Schnitzler são, para uma maioria esmagadora dos portugueses,
ilustres desconhecidos.
Ao
Teatro de Arte cabe hoje a responsabilidade de defesa da
cidadania, da democracia e dos seus valores, numa luta que terá certamente
sucessivos desfechos, derrotas e vitórias, e
que se inscreve na História da Cultura.O resto é silêncio.
E justifica-se dar aqui conta dos participantes do Encontro:
E justifica-se dar aqui conta dos participantes do Encontro:
André Albuquerque (Actor, membro do CENA - Sindicato dos Músicos, dos Profissionais
do Espectáculo e dos Audiovisuais)
António Pinto Ribeiro (Programador de Teatro da Fundação Gulbenkian)Carlos Vargas (Presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II)
Daniel Oliveira (Jornalista)
Fernando Mora Ramos (Encenador, Director do Teatro da Rainha)
Joaquim Benite (Encenador, Director do Festival de Almada)
Jorge Silva Melo (Encenador, Director dos Artistas Unidos)
José Luís Ferreira (Director do São Luiz Teatro Municipal)
José Peixoto (Encenador, Director do Teatro dos Aloés)
Mark Deputter (Director do Maria Matos Teatro Municipal)
Tónan Quito (Actor, Encenador, membro do Grupo Truta)
Talvez seja o lado bom da crise: debate-se!
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