quinta-feira, 28 de novembro de 2013

JORGE SILVA MELO | O comentário que é um programa




Américo Rodrigues foi afastado da direção do Teatro Municipal da Guarda e isso foi notícia na comunicação social. O jornal Público escreveu um artigo que está online:  Américo Rodrigues afastado da direcção do Teatro Municipal da Guarda - O novo presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, não gostou que Américo Rodrigues convocasse uma conferência de imprensa para o contradizer e já o tinha tentado despedir pelo telefone.  Da notícia  na edição impressa, tirámos o excerto que está na imagem acima. E queremos sublinhar - aparentemente parece lateral, a nosso ver é essencial -  o que foi dito por Jorge Silva Melo
«"a questão central é a de saber quem manda nas infra- estruturas construídas com dinheiro do Estado" e defende que estas não podem ser "anunciadas por ministros e secretários de Estado para depois serem entregues às autarquias como se fossem salões de festas"». 
Sendo-se rápido e direto, a questão nuclear é saber o que é feito da «REDE DE TEATROS» (está entre aspas, sim senhor) em que se vem a investir ao longo de décadas, acelerada com os fundos comunitários, e que enquanto rede nacional - com um Projeto Artístico organizador -  nunca aconteceu.E tem de acontecer. Certo,  num ou noutro caso chegou a caminhar-se para lá.  E daí que digamos que o comentário de Jorge Silva Melo nos conduz a um Programa que devia estar contemplado nas Grandes Opções na esfera da cultura e das artes e, necessariamente,  no Orçamento de Estado. E a REDE só pode ser construída de forma partilhada e colaborativa entre o Central e o Local, como todos estamos fartos de saber. E com os agentes culturais no centro: sem projeto artístico para que servem as infraestruturas físicas?  E tudo de maneira transparente. 
Em jeito de memória, lembre-se o tão divulgado aquando do POC - Programa Operacional da Cultura: 


Do prospeto sobre a REDE anunciada em 1999

E indo-se aos documentos da época, é bem visível que tudo só seria possível com uma mobilização ampla - Estado Central, Autarquias, Mecenas. Com os Agentes Culturais, obrigatoriamente. As articulações necessárias podem ser ilustradas pelos presentes na cerimónia, de 27 de Março de 1999, em que se anunciou a «REDE». Foram oradores:  «Dr. Mário de Almeida, Presidente da Associação de Municípios, Dr. José Augusta Carvalho, Secretário de Estado da Administração Local, Prof. Doutor Manuel Maria Carrilho, Ministro da Cultura, e Engº. António Guterres, Primeiro Ministro». E cá encontramos os Ministros e os Secretários de Estado de que fala Silva Melo. No passado como no presente.
Daí para cá, como é que tudo foi acontecendo até chegarmos onde estamos? Como se articulam os Apoios às Artes com tudo isto? Muitas perguntas, e enquanto não forem respondidas  não chegaremos a bom porto.  Em termos de legislação, salvo melhor leitura, o Despacho Normativo 46/96,  revogado em 1998,  nunca foi substituído  por algo equivalente.
Estamos no início de um novo Programa Comunitário, manda o bom senso que se pare e se equacione, se façam balanços. E onde estão eles! Para não repetirmos os erros e sabermos para onde vamos.   E até para se ir ao encontro de, por exemplo,  o Ministro Poiares Maduro disse em discurso recente«Tão importante como fazer, será levar outros a fazer», referiu o Ministro, pois «uma competitividade sustentada terá sempre de passar pela associação entre conhecimento e território». E nos «outros», na cultura e nas artes, certamente que estarão os Agentes Culturais, ou não será! Como colocá-los no centro da REDE, das REDES, com a miséria dos apoios que lhes chegam do Estado? E que conhecimento será esse com a cultura e as artes a serem tratadas desta maneira escandalosa! Sem visão, sem futuro ! Não bastam palavras, temos de agir em conformidade. 



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