Comparemos as duas situações abaixo descritas a que anteriormente nos referimos aqui no Elitário Para Todos. Desde logo, parecem irmãs siamesas. Quem se seguirá? Isto já configura um padrão. Independentemente da figura jurídica - Fundação -, temos de nos entender, sem as verbas do orçamento do Estado não terão vida. São entidades de Estado. Ou seja, compete-lhes assegurar um serviço público na esfera da cultura e das artes marcado pela exemplaridade. Deviam ter um Projeto com conceito claro que certamente pode/deve incorporar parcerias, mas desde a génese. E não terem um projeto que decorre do investimento prévio dos agentes culturais - conceber e apresentar um projeto tem custos - que se atinge por um somatório de propostas escolhidas por processo que nem se quer se percebe muito bem. Parece até estarem a competir com a Direção Geral das Artes. De facto, interessaria, na esfera do Estado e da Administração Pública Central, dar identidade ao que se está a passar e, para já, nestas três entidades:
- Fundação Centro Cultural de Belém
- Fundação INATEL
- Direção-Geral das Artes
Dá ideia que estão todos a fazer a mesma coisa, sem se aperceberem que há coisas que nehum está a fazer, e que é o que nos está a fazer falta: projetos artísticos «únicos», autónomos, continuados, permanentes, e sistemáticos, referenciados a um Plano de Desenvolvimento Cultural, a prazo. Com Diretores Artísticos com rosto! E aquela figura de Entidade Residente, será que já ninguém quer falar dela ! Era capaz de ser uma solução ...
Ainda, continua a justificar-se que o Teatro da Trindade seja tutelado pelo INATEL?
No âmbito do plano de atividades para o triénio 2013-2015, o Conselho de Administração da Fundação Centro Cultural de Belém (FCCB) convida os criadores, produtores e operadores portugueses, entre outros agentes culturais, a enviarem propostas - até ao próximo dia 31 de março - que se enquadrem nos seguintes princípios e objetivos da instituição: promover a cultura portuguesa; promover a oferta cultural diversificada, permanente, atualizada e de alta qualidade; promover a inserção de Portugal nos circuitos internacionais nas áreas da cultura e do turismo cultural, bem como a projeção da cultura e da ciência nacionais nesses circuitos.
É objetivo do FCCB analisar a viabilidade de uma programação exigente, de manifesto interesse cultural e com ativa participação da produção cultural portuguesa, sem excluir a científica, no maior número possível de áreas específicas, sendo que as opções programáticas, tendo em conta a atual situação económica e financeira do país, serão sempre realistas e viáveis.
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No âmbito do plano de atividades para o ano 2014, e com a intenção de que o Teatro da Trindade seja um teatro aberto, de acolhimento e um espaço para a comunidade, o Conselho de Administração da Fundação INATEL convida os criadores e produtores teatrais portugueses, a enviarem propostas - até ao próximo dia 4 de novembro de 2013 - que se enquadrem nos seguintes princípios e objetivos:
- promoção da dramaturgia e da cultura portuguesas;
- promoção de uma oferta cultural diversificada e de alta qualidade aos beneficiários da Fundação INATEL;
- promoção e divulgação de espetáculos de grande público de autores de reconhecida qualidade;
- promoção de uma relação estreita com a comunidade através de atividades que potenciem a formação e a conquista de públicos.
É objetivo da Fundação INATEL analisar uma programação exigente, de manifesto interesse cultural e com ativa participação da produção cultural portuguesa.
As propostas devem ser caraterizadas sinteticamente e devem ser acompanhadas de previsões de calendário, de indicação das salas do Teatro [sala principal ou sala estúdio] a que se destina a programação, de nota biográfica do autor, de sinopse da peça, de curricula do encenador e criativos, de notas curriculares do elenco, de memória descritiva do espaço cénico e de nota curricular histórica da companhia ou produtora.
Não deixa de ser irónico, e penoso, ao mesmo tempo que tudo isto se está a passar, a CORNUCÓPIA, o TEATRO ABERTO, a BARRACA, e outros, lutam para não encerrarem. E são projetos em que o Estado investiu ao longo de anos ! porque o jogo do mercado não assegura este serviço público. E foram, permanentes continuados, e sistemáticos. E é isso que tem de ser.
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