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Bastaria percorrer as peças jornalísticas iniciais para se concluir que parece haver aqui um pequeno (ou será grande?) equivoco: a Senhora Ministra da Cultura diz coisas na convicção de que especialistas a simples cidadãos é que terão obrigação de ir à procura se querem entender. Com a certeza de que está certa, ó gente! Do género, uma Ministra nunca se engana e raramente tem dúvidas.Vejamos factos e expedientes.
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Bastaria percorrer as peças jornalísticas iniciais para se concluir que parece haver aqui um pequeno (ou será grande?) equivoco: a Senhora Ministra da Cultura diz coisas na convicção de que especialistas a simples cidadãos é que terão obrigação de ir à procura se querem entender. Com a certeza de que está certa, ó gente! Do género, uma Ministra nunca se engana e raramente tem dúvidas.Vejamos factos e expedientes.
Joga com teias burocráticas como se fossem dogmas: por exemplo, «a tutela anuncia que será divulgada esta quarta-feira “a declaração anual de prioridades da DGArtes, que estabelece os programas de apoio a lançar até ao final do corrente ano”». Uma vez mais aquilo deve decorrer de uma inspiração esotérica, apostamos que como habitualmente não vão ser apresentados ESTUDOS DE SUPORTE. E como tal poderia acontecer se os serviços continuam na mesma ou pior do que a Senhora Ministra encontrou? Com um Diretor-Geral em regime de substituição para lá do permitido! Parece que anunciou, quando nomeou, lá longe, concurso, mas nunca apareceu. E agora, qual será a «desculpa»! E será possível desculpa? (Não sabemos se os Agentes Culturais têm chamado a atenção para o caso, mas, Senhora Ministra, acredite que «falam». Se não lhe dizem nada, por que será?). E diz o que diz ao abrigo de um traço que se reconhece: governar, anunciando. Anunciadora nata, a Senhora Ministra da Cultura, (até já anunciou que vai fazer uma volta ao país para acompanhar o desconfinamento do setor, sob o lema de que a cultura tem de ocupar o território). Admire-se a coragem, porque consegue dize-lo sem lembrar situações tão simples como esta:ainda que haja profissionais do setor a passar fome. Imagine-se!, nós pensamos que neste momento isso devia ocupar, priroritariamente, a Governante, através de medidas verdadeiramente EXCEPCIONAIS. Ao mesmo tempo, sim senhor, fazer muitas mais coisas. Isto é, GOVERNAR. Para o PRESENTE e para o FUTURO. Construindo um APARELHO ESTATAL PARA A CULTURA MODERNO sob o signo de uma ADMINISTRAÇÃO ABERTA.
Faz numa mesma ocasião comunicações contraditórias como se fossem as maiores pérolas - «Na audição parlamentar, em resposta a uma pergunta do PSD, a ministra da Cultura explicou que “quando a pandemia chegou”, tinham sido feitas “50 reuniões por causa do modelo de apoio às artes“. “Tínhamos chegado a algum nível de entendimento sobre alterações no apoio sustentado”, disse». E como se pode ler na imagem inicial: «As decisões que já tinhamos praticamente adotado no que diz respeito a dossiês como modelo de apoio às artes (...)naturalmente têm de ser reajustados».Mas então em que ficamos?, como se pode iniciar algo que precisa de ser reajustado? Sim, é certo que isto cansa qualquer um, mas não ao ponto de nos inibir de voltar a dizer que mais do que reajustamentos precisamos do NOVO. Precisamos de REINVENTAR. REFUNDAR. MUDAR MESMO. Parece que a Senhora Ministra ouve uma coisa mas os Agentes Culturais dizem outra. Mais, reafirme-se: tem necessariamente de ouvir os Agentes Culturais, mas não só: ouça genuinamente a Academia; o que dos nossos melhores dizem na Comunicação Social; e em Revistas e equivalentes especializadas; conheça o que existe noutros Países (então as boas práticas não se aplicam ao «Ministério da Cultura»?, se calhar até isso é um sinal de que não existe). E claro tem de ouvir a Assembleia da República - não é ir lá a correr. Atente no que os Partidos defendem - se não ouviu/viu (claro que sim), mas aconselhamos que volte ao que se disse no Debate Parlamentar de iniciativa do PCP sobre a Cultura e pergunte aos Agentes Culturais o que eles pensam, por exemplo, da intervenção do Deputado João Oliveira de quem o excerto a seguir:
E para terminar por agora: como é que «o procedimento» do Apoio Excepcional decorreu e vai decorrer no Fundo de Fomento Cultural? Vimos que ontem no Diário da República delegou na Presidente do FFC , nomeadamente para «Assinar protocolos de apoio financeiro». Mas para além disso, e também por isso ...
E deveras importante, o que acontece aos que não foram contemplados?, número que podemos apurar pela notícia do Público: 1025 pedidos, 311 apoiados.
Por fim mesmo, Senhora Ministra da Cultura, apenas para não pensarmos mais no assunto: aquela coisa dos Bianuais, não apoiados, elegíveis, etc., etc., ... com quem reuniu, foi problema que resolveu com a CRISE SANITÁRIA. Certo? Que nos perdoe quem pense o contrário, mas não achamos lá muito bem ...Aproveitar a crise para resolver um problema preexistente! Decididamente, não. Se assim foi, no minimo que seja abertamente assumido.
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