sexta-feira, 5 de junho de 2020

NO DIA MUNDIAL DO AMBIENTE | UMA ESCOLHA | «O trabalho de Joana Escoval estabelece uma relação particular com a natureza, bela e ao mesmo tempo aterradora, onde a ideia de transformação é fundamental e matéria e energia se encontram. A artista apresenta-nos agora a exposição Mutações. The Last Poet no Museu Coleção Berardo, em Lisboa, onde “é notório como tudo está prestes a desaparecer ou a sofrer uma transformação continua” parafraseando Pedro Lapa, curador da exposição.(...)»| OU UMA OPORTUNIDADE PARA SUBLINHAR O PAPEL DA CULTURA NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

« O trabalho de Joana Escoval estabelece uma relação particular com a natureza, bela e ao mesmo tempo aterradora, onde a ideia de transformação é fundamental e matéria e energia se encontram. A artista apresenta-nos agora a exposição Mutações. The Last Poet no Museu Coleção Berardo, em Lisboa, onde “é notório como tudo está prestes a desaparecer ou a sofrer uma transformação continua” parafraseando Pedro Lapa, curador da exposição.
Para esta exposição o próprio espaço expositivo é intervencionado sendo invadido por paredes ondulatórias contínuas, fluidas, que contrariam a rigidez das paredes existentes convocando uma espécie de interior do corpo onde os órgãos se modelam e adaptam ao espaço disponível. As paredes orgânicas, líquidas, vão-se moldando aos diferentes espaços da galeria à semelhança da água, elemento que se adapta e rodeia qualquer superfície ou espaço com o qual tenha contacto.
O visitante é envolvido por este movimento ondulatório que o conduz, como um rio, de modo a que vá descobrindo as várias peças que compõem a exposição. Escultura, vídeo, fotografia, instalações de som, luz, penumbra, despertam os sentidos e intensificam a imersão do corpo e da mente num fluxo energético contínuo. Em uníssono, todas as peças são dispostas horizontalmente, harmoniosamente, sem que nenhuma hierarquia seja estabelecida entre elas ou entre elas e o público.
Uma única obra encontra-se fora do percurso expositivo. O vídeo My breath aligned with the breath of the animal and our breath aligned with the wind surge a pairar na penumbra num plano paralelo ao das novas paredes e é possível vê-lo através de um recorte. Três cabelos, a crina e a cauda de um cavalo e cabelo humano, movimentam-se à medida que o cavalo galopa. Os corpos são omitidos e dissolvidos um no outro através de um vazio negro que não permite à primeira vista decifrar o que é representado. Apenas três elementos idênticos são percetíveis, três elementos que poderiam ser três cabelos humanos, três crinas ou três caudas de cavalo ou outras três coisas quaisquer.
Estas três entidades que se movem em conjunto sem que se distingam umas das outras, apenas unidas pelo ar, pelo sopro do vento, evocam uma vez mais a ideia de uma inexistência de hierarquia, entre seres, entre espécies. A mesma ideia é explorada através da peça em formato vídeo All the food they shared with each other came from the forest, and the nearby rivers and streams na qual uma pantera e um ser humano se confrontam um ao outro através do olhar, ao mesmo nível, um olhar predador que lhes é comum que faz deles seres equivalentes. (...)». Leia na integra.



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