domingo, 7 de junho de 2020

EXCERTOS | A perceção de que há uma grande ascendência do primeiro-ministro sobre a ministra retira-lhe peso político num Governo já de si muito centrado no líder | OU POR QUE SE ANDA PELO TERRITÓRIO CABENDO ESTE FIM DE SEMANA AO ALENTEJO



A Senhora Ministra da Cultura tinha informado que ia andar pelo TERRITÓRIO  a acompanhar o DESCONFINAMENTO, e está a cumprir, como dizer, o seu «DESIGNIO»:  correr atrás do prejuizo, e com uma olimpica naturalidade (deviamos dizer superioridade?) ter resposta para tudo, mesmo que seja ao lado. É claro que se percebe - não é preciso ser analista politico - que está uma campanha em marcha, de sua iniciativa ou porque lhe foi imposta,  de maneira a apagar a imagem do Governo, e em especial da Ministra da Cultura/«Ministério da Cultura»,   dos últimos dias no que às artes diz respeito. Ele foi a comunicação social, as manifestações na rua, os debates na Assembleia da República, ... Face a isso, é preciso fazer render o que dizem que fizeram:  o grupo de trabalho em torno dos trabalhadores intermitentes (que não sabemos se já foi criado ou vai ser criado, embora já tenha reunido ),  os milhões anunciados,  os concursos abertos,... E partir para outra: acabar com as manifestções, trabalhar para uma boa imprensa, pôr figuras queridas do público «do lado do Governo», no minimo para dizerem que está a começar-se a ir no «bom caminho» ... Certamente, há que valorizar «as pequenas coisas» positivas que vão acontecendo, mas não nos iludamos, precisamos de actuar no TODO para que a parte produza os seus efeitos. Precisamos de um PLANO DE DESENVOLVIMENTO PARA A CULTURA de natureza  ESTRATÉGICA, articulado em PROGRAMAS PLURIANUAIS PARA AS VÁRIAS ÁREAS, interdependentes, que nos permitam nomeadamente, (o que tanto é verbalizado pela Senhora Ministra), «MAPEAMENTOS» e «POSICIONAMENTOS». Mas de forma permanente, continuada e sistemática - como diria o saudoso Mário Barradas (e com isto uma homenagem neste momento em que a Ministra também visitou no seu deambular pelo Alentejo o Garcia de Resende, para onde o Mário rumou a seguir ao 25 de Abril em busca da Descentralização Teatral). Voltando ao fio da meada, então vamos ter mais um estudo fundado em inquérito pontual. Não chega. É ver o que aconteceu, por exemplo, com o «Posicionamento das Entidades Artísticas no âmbito da Revisão do Modelo de Apoio às Artes». Recomenda-se que se vá ver o que a generalidade dos autores dos estudos realizados - sim, isso é já um padrão, não há governante da cultura que se preze que não encomende o seu estudo - dizem sobre o seu póprio trabalho: em sintese, não existem os dados e a informação necessários. Nomeadamente para os OBSERVATÓRIOS. E isso é trabalho dos Serviços.E onde estão eles? Os Governos PSD/CDS extinguiram, fundiram, reduziram, ...o PS prometeu que ia reverter a situação, mas até hoje nada ... O argumento da Senhora Ministra de que não pode fazer «em dois meses» o que não se fez em 20 anos não colhe ... Está a criticar quem? Quer ignorar o tempo dos Governos PS e mesmo o seu tempo no Governo? Afirmações como aquelas podem mesmo ser vistas como uma afronta à inteligência das pessoas. Ou a prova de que o desnorte continua. Já vale tudo.
Ainda a propósito do inquérito/estudo que a Senhora Ministra vai encomendar, ou já encomendou, para Mapeamento e Posicionamento, e aproveitando o ambiente COVID, pensando bem, são como os TESTES à doença: dão um retrato de momento. E como na doença das pessoas,  na das organizações também não chega. E ainda que mal se pergunte: o que existe nos SERVIÇOS sobre todas estas problemáticas? Poderiam fazer o obséquio de o listarem e  disponibilizarem? Se calhar isso nem ocorreu à Senhora Governante - segue a «moda» dos dias,  partamos do zero, antes de nós nada -  e, vai daí, o mais fácil, e dificil de desmontar,  atue-se como se estivessemos num projeto académico. Quem não quer que se façam estudos? Só os barbaros ... 
Se a Governante da Cultura ao andar pelo território queria criar uma nova atmosfera para a sua ação, e mostrar que quer ver o que se passa à volta - como se isso fosse o metodo de excelência quando em causa prevalece a técnica -   parece que no Alentejo não o conseguiu - veja as imagens iniciais  - mas poderemos concluir que a dinâmica em que a senhora Ministra está empenhada vai na linha do «EXCERTO» que se segue, e bem vistas as coisas  organizou o post.Precisando, adere ao perfil que de lá emerge:



«A notícia caiu como uma bomba no Palácio da Ajuda, morada do Ministério da Cultura. Sexta-feira, 22 de maio. Em Coimbra, António Costa acabava de anunciar um programa de 30 milhões de euros para as autarquias no apoio à Cultura. No retrato de família estavam lá todos: primeiro-ministro, ministro do Planeamento, ministra da Coesão, ministra da Modernização, secretários de Estado, dirigentes autárquicos... Todos menos, precisamente, Graça Fonseca, a braços com a contestação crescente do sector e afastada do único anúncio que lhe daria algum capital político para aguentar futuros embates. A ministra da Cultura tinha sido ultrapassada: não só porque sempre dissera junto do sector que não havia mais dinheiro para enfrentar os efeitos da pandemia como não sabia sequer que o anúncio ia ser feito ali e naqueles termos. Dizer que Graça Fonseca reagiu mal é eufemismo; que o eco desse desagrado tenha chegado a António Costa é um exagero. Só as paredes do Ministério da Cultura foram testemunhas da irritação de Graça Fonseca. Figura política da criação de Costa, não se lhe conhecem momentos de confronto com o primeiro-ministro.
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 A perceção de que há uma grande ascendência do primeiro-ministro sobre a ministra retira-lhe peso político num Governo já de si muito centrado no líder. O facto de não esconder junto dos seus pares e subordinados que tem o respaldo de António Costa dá-lhe laivos de “arrogância”. “Tem muita dificuldade em reconhecer os erros, é altiva, muito dura com toda a gente”, comenta com o Expresso uma fonte do Governo. A tendência para alienar e, pior, cometer erros por ter “demasia­das certezas” é comentada nos corredores do poder. “Digamos que se tiver de cair, ninguém, no Conselho de Ministros, vai fazer grande esforço para a segurar”, sugere a mesma fonte.

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Expresso 30Maio2020 


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E pronto Senhora Ministra da Cultura, faz sempre bem andar por aí,  mas convém  não confundir «OLHAR» com «VER».


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