«(...)E o que
entendo por cultura vai muito além do âmbito
restrito e
restritivo das concepções acadêmicas, ou
dos ritos e
da liturgia de uma suposta "classe artística
e
intelectual". Cultura, como alguém já disse, não
é apenas
"uma espécie de ignorância que distingue
os
estudiosos". Nem somente o que se produz no âmbito
das formas
canonizadas pelos códigos ocidentais, com as
suas
hierarquias suspeitas. Do mesmo modo, ninguém aqui
vai me ouvir
pronunciar a palavra "folclore". Os vínculos
entre o
conceito erudito de "folclore" e a discriminação
cultural são
mais do que estreitos. São íntimos. "Folclore" é
tudo aquilo
que - não se enquadrando, por sua antigüidade,
no panorama
da cultura de massa - é produzido por gente
inculta, por
"primitivos contemporâneos", como uma
espécie de
enclave simbólico, historicamente atrasado,
no mundo
atual. Os ensinamentos de Lina Bo Bardi me
preveniram
definitivamente contra essa armadilha. Não
existe
"folclore", o que existe é cultura.
Cultura como
tudo aquilo que, no uso de qualquer coisa,
se manifesta
para além do mero valor de uso. Cultura como
aquilo que,
em cada objeto que produzimos, transcende o
meramente
técnico. Cultura como usina de símbolos de um
povo.
Cultura como conjunto de signos de cada comunidade
e de toda a
nação. Cultura como o sentido de nossos atos, a
soma de
nossos gestos, o senso de nossos jeitos. (...)»
______
E PARABÉNS GILBERTO GIL ! juntamo-nos às homenagens.
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