Excertos: «(...) No plano político, a par dos comunistas passaram, na visão do ex-governante, a perfilar-se trotskistas, maoistas e anarquistas, sobretudo nos meios estudantis. E nos meios estudantis não é unicamente a influência de Maio de 1968 que incomoda o autor, que se queixa que desde 1962, as estruturas estudantis de cada Faculdade passaram a estar sob as ordens da RIA – Reunião Inter Associações o que me parecer ter a ver com a forma, hoje retratada na historiografia(ii) como as Associações se passaram a coordenar entre si, sem excessiva exposição à repressão. Embora tenham surgidos novos actores no movimento estudantil, sobretudo em ligação com a radicalização de católicos – que em Económicas / ISCEF terá abrangido gente da JUC – ainda hoje não percebo quem era visado na referência do Presidente do Conselho a anarquistas, sendo verosímil que apenas visasse assustar quem seguia as “Conversas em Família”.
O ISCEF, “ilha de liberdade”
O ano lectivo de 1969/70 ficou, para quem ingressava posteriormente no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF), a ser o ano algo mítico de referência em termos de processos de contestação pedagógica e de reivindicação da liberdade de discussão de conteúdos, se necessário com interrupção dos professores.
Estavam os estudantes da altura preparados para este tipo de intervenção? Muitos, de diferentes sectores ideológicos, estariam. Em 1972 tive acesso a um opúsculo (103 páginas) intitulado Parte dos Salários no Rendimento Nacional, capeado por uma Nota Prévia que explicava: (...)
Desconheço se está a ser feita investigação académica sobre o movimento estudantil do ISCEF e é curioso que a comunicação social e mesmo algumas memórias que abrangem a época – incluindo o Testemunho de um Banqueiro – omitam aspectos significativos incluindo a recuperação de posições nas Direcções das Associações de Estudantes do IST e do ISCEF em 1972 por parte de militantes ligados às organizações estudantis do PCP ou que ingressaram directamente na União dos Estudantes Comunistas, formada, creio, nesse ano. A candidatura na AEISCEF tem características particulares – adopta a consigna “Por uma Associação de Todos os Estudantes “e não “Para a Unidade do Movimento Associativo”, e é precedida por um Manifesto -“Eleições fantoche” onde um dos membros da lista inseriu uma referência às “celestiais reuniões associativas” . A gestão da associação pelas “reuniões gerais de colaboradores” não deixava boas recordações. Ganha facilmente as eleições para a Direcção e para o Conselho Fiscal mas para a Mesa da Assembleia Geral é eleita uma lista liderada por Ferro Rodrigues, que só concorre àquele órgão. (...). Leia na integra.
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