Excerto: «(...) Vêm estas considerações, como é fácil de adivinhar, a propósito da peça “Tudo Sobre a Minha Mãe”, que esteve em cena no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, espetáculo sobre o qual não me posso pronunciar desde logo porque não o vi. De forma geral, enquanto ministro da Cultura mantenho certa reserva na manifestação do meu gosto (ou desgosto) em relação às obras de arte a que assisto, porque a minha sensibilidade estética pessoal não deve ter nenhuma consequência para as políticas públicas. Procuro intervir no plano que me compete, que é o da política e não o do gosto, e é sobre a política que gostaria de dizer duas ou três coisas.
Levado à letra, o princípio de que cada um só pode representar em palco aquilo que é na vida real redundaria num evidente absurdo. Discordo dessa ideia, se colocada nesses termos, porque a arte implica sempre a possibilidade de cada um se imaginar naquilo que não é. E, muitas vezes, a arte é até expressão da descoincidência de cada um consigo mesmo. (...)».
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Ao ler-se o artigo acima, sente-se que o autor está no «seu elemento» (de eleição?) - a de comentador. Numa de agradar a todos de forma redonda. A dizer coisas como se nunca ninguém as tivesse dito, como aquela do seu gosto não poder interferir na sua ação como governante - ou seja, como escreve, «não deve ter nenhuma consequência para as políticas públicas». Ora bem, e pegando na deixa, tem cabimento que se peça que nos diga sobre quais são as políticas públicas sob responsabilidade do designado Ministério da Cultura (e dizemos designado porque verdadeiramente não existe, mas disso já temos falado noutras ocasiões) que tenham a ver com o «transfake», isto é, com o que se passou no espectáculo «Tudo sobre a minha mãe». Sendo-se concreto: mais do que pedir ao Ministro/comentador, pedia-se ao Governo que nos informasse onde se pode saber das «Igualdades» na ótica da ação a garantir pelo Ministério da Cultura. Indo à substância, que nos explique o papel da área de governação «cultura» (pelo que nos é dado ler praticamente inexistente) na intervenção decorrente disto:«A CIG coordena a Estratégia Nacional para a Igualdade e Não Discriminação 2018-2030 «Portugal + Igual», que integra o Plano de Ação de combate à discriminação em razão da Orientação sexual, Identidade e Expressão de género e Características sexuais». Aqui:
(Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018-2030 | Plano de ação de combate à discriminação em razão da orientação sexual, identidade e expressão de género, e características sexuais) - Veja aqui (pag.20)
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