Não estou a falar do Cabrita Reis, mas na arte contemporânea às vezes vemos coisas um bocado estapafúrdias: um artista que cola uma banana na parede, o outro que faz uma escultura invisível.... E tendemos a perguntar se não é uma fraude pura e simples. Enquanto crítico, como olha para estas manifestações?
Tive muitas vezes uma má relação com algumas propostas artísticas. Acho que há muito de anedótico e de especulativo nesta evolução das artes. E depois cria-se uma tradição da vanguarda que já não é uma tradição de inovação, mas a repetição de gestos de humor ou de provocações, mas que são imediatamente absorvidas pelo mercado e pelos museus e portanto, efetivamente, já não provocam nada. Neste momento, a relação das pessoas com a arte é, em geral, uma relação de grande desconfiança. Antigamente ia-se às galerias, agora as pessoas têm medo de entrar nas galerias, tem de se tocar à campainha...
É um pouco intimidatório...
Da produção e
de uma certa tradição em que as vanguardas se sucediam umas às outras e
apagavam obras de grande qualidade. Sei lá, ninguém ligava ao Bonnard, por
exemplo. E a história não é feita só dessa sequência de vanguardas. Este é um
terreno confuso e a quantidade de livros com posições muito críticas em relação
à arte contemporânea é muito grande. Eu próprio publiquei muitas coisas
afirmando uma desconfiança grande em relação à orientação de Serralves, por
exemplo. Foi-se criando uma grande desconfiança, os públicos afastaram-se, ou
então uma atitude paralela a esta, que é ‘vale tudo, a gente não tem opinião.
Enquanto as pessoas vão ao cinema e dizem ‘gostei’ ou ‘não gostei’, nas artes
dizem ‘disso não percebo’. E isso é uma consequência desta desorientação -
também tem a ver com a perda de eficácia dos museus, só fazem exposições
temporárias de afirmação de novos artistas. A Gulbenkian ainda tentava às vezes
apresentar uma perspetiva histórica do século XX, mas não há nenhum museu...
(...)». Leia na integra.
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